O Lado de Início de Doença Não Interfere no Desempenho do Alcance Funcional de Pacientes com Doença de Parkinson
Por J. Lahr (Autor), M. P. Pereira (Autor), L. Simieli (Autor), V. S. Beretta (Autor), P. N. Sousa (Autor), Lilian Teresa Bucken Gobbi (Autor).
Resumo
A doença de Parkinson (DP) é caracterizada pelo início assimétrico dos sintomas motores, destacando-se entre eles a instabilidade postural. Considerando a especificidade hemisférica, sabe-se que pacientes com o lado de início da doença pelo hemicorpo direito apresentam pior desempenho em tarefas motoras, incluindo o controle postural estático. Porém, até o presente momento é desconhecida a influência do lado de início da doença quando o controle postural é submetido à perturbação interna. Um teste que é de fácil aplicação e é amplamente utilizado na prática clínica, com esse intuito, é o teste de alcance funcional. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a influência do lado de início da doença no desempenho do teste de alcance funcional em pacientes com DP. Tendo em vista a característica assimétrica da doença, espera-se que pacientes com o hemicorpo direito acometido apresentem pior desempenho neste teste. Participaram desse estudo 18 pacientes destros com comprometimento unilateral avaliado pela Escala unificada de avaliação da doença de Parkinson (UPDRS), sendo 9 pacientes (66,11 ± 7,28 anos) com lado direito acometido (LDA) e 9 pacientes (67,44 ± 6,40 anos) com lado esquerdo acometido (LEA); pareados em gênero, estatura e peso. Foram realizadas três tentativas do teste de alcance funcional, sendo considerada a distância alcançada, em centímetros. Para verificar a influência do lado de início da doença no teste de alcance funcional foi utilizado o test t de Student e o nível de significância adotado foi de p<0,05. O test t de Student revelou que o lado de início da doença não interfere no desempenho do alcance funcional em pacientes com DP (LDA: 25,27±3,56; LEA: 25,05±5,39; t(1,17)=0,10, p=0,92), mostrando que somente a distância atingida durante o teste não é capaz de evidenciar a diferença entre os pacientes quando estão em situação de perturbação interna. Uma possível explicação é que como a perturbação gerada é interna, os pacientes podem ter realizado o teste sem atingir o limite da base de suporte, evitando desta forma uma possível desestabilização. Assim, sugerimos uma análise mais precisa do comportamento durante a tarefa, como a avaliação do centro de pressão durante as tentativas, principalmente durante o momento de recuperação da perturbação, a fim de se obter maiores esclarecimentos sobre a influência do lado de início da doença no comportamento do controle postural perturbado.