Resumo

A mulher, nos últimos anos, ganhou mais espaço nas práticas esportivas tidas como masculinizadas, embora ainda haja demasiada influência conservadora e patriarcal em diversos ambientes e espaços. À luz deste cenário, o objetivo desta pesquisa consistiu em analisar como o futebol está sendo desenvolvido nas aulas de Educação Física Escolar, na visão de alunas do nono ano do Ensino Fundamental das escolas da rede municipal de uma cidade do interior de São Paulo, bem como veem sua própria participação nestas aulas e de que maneira enxergam a figura do professor no processo ensino-aprendizagem do conteúdo futebol neste espaço escolar. Para se chegar a estes objetivos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, tendo a metodologia praxiológica de Bourdieu como condição para analisar os dados. Os resultados encontrados revelaram que ainda se perpetua no âmbito escolar a visão masculina eternizada, e naturalizada socialmente, da prática do futebol, proveniente da escola e, em muitos casos, do habitus familiar. Porém, a escola, por meio do professor de Educação Física, tem a possibilidade de reestruturar estes habitus, conscientizando e desmistificando conceitos incorporados nos sujeitos e, ainda, possibilitando mudanças nas atitudes dos meninos e, principalmente, das próprias meninas as quais se excluem de praticar o futebol por considerá-lo um esporte masculino. Conclui-se então que, a Educação Física, disciplina obrigatória do currículo escolar, desempenha um importante papel na instituição escolar, principalmente na resolução de conflitos entre os gêneros. Portanto, o professor deve estar consciente de tal dificuldade, a fim de diagnosticar, interferir e buscar soluções conceituais, procedimentais e atitudinais que forneçam subsídios concretos para solução deste problema.

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