O Papel do Educador na Educação Experiencial Pela Aventura em Ambientes Naturais
Por Mariana Vannuchi Tomazini (Autor), Gisele Maria Schwartz (Autor), José Pedro Scarpel Pacheco (Autor), Simone Meyer Sanches (Autor).
Em VIII Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura - CBAA
Resumo
Motivados pelo desejo de vivenciar riscos de forma lúdica, a busca dos indivíduos pela prática de atividades físicas de aventura na natureza para fins esportivos, recreativos, pedagógicos, terapêuticos, dentre outros, tem se intensificado. No que tange à sua utilização para fins pedagógicos, destaca-se a Educação Experiencial pela Aventura em ambientes naturais. Este método compreende uma ferramenta de desenvolvimento cognitivo, social, físico, emocional e moral, que utiliza como recursos educativos os desafios intrínsecos às atividades de aventura na natureza e as experiências seguidas de reflexão. Apesar de este método pedagógico ser objeto de diversas pesquisas nas Ciências do Esporte, o papel do Educador neste contexto ainda é pouco explorado. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, teve por objetivo investigar o papel dos Educadores norteados pela Educação Experiencial pela aventura em ambientes naturais, na promoção da aprendizagem, do desenvolvimento e da segurança dos Educandos. Foi realizada uma pesquisa exploratória, em um curso no formato de expedição na natureza, o qual se baseava no referido método pedagógico. Foram utilizados como instrumentos duas entrevistas semi-estruturadas, uma aplicada aos Educadores e outra, aos Educandos. Dentre os participantes, 2 eram instrutores e 6 alunos, de ambos os sexos, com faixa etária entre 19 e 51 anos e nível de escolaridade superior, completo e incompleto. Os dados obtidos foram analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo e os aspectos da atuação dos Instrutores, imprescindíveis à promoção da aprendizagem e à manutenção da integridade física e psicológica dos Educandos, foram organizados em 3 categorias: 1-Aspectos técnicos; 2-Aspectos didáticos e 3-Aspectos sociais/emocionais. Na primeira categoria, destacam-se: o domínio de técnicas de resgate, primeiros socorros, análise e manejo de riscos em ambientes naturais, navegação e orientação outdoor, de esportes de aventura e etc. A segunda categoria inclui: propiciar experiências desafiadoras de modo progressivo e proporcional às capacidades dos Educandos, para não colocá-los em perigo; capacitá-los de forma gradual para atuarem no ambiente outdoor; permitir que os Educandos sejam autores do próprio processo de aprendizagem; respeitar os estágios do ciclo de aprendizagem experiencial (vivência, reflexão, generalização e aplicação da experiência); dentre outros. Já a terceira categoria inclui: mediar processos e conflitos grupais e de facilitar a construção de uma rede de apoio social positiva e cooperativa; estimular a autonomia dos Educandos na expedição e, ao mesmo tempo, atuar como porto-seguro, acolhendo-os quando necessário; possuir inteligência emocional para analisar situações e fazer escolhas com prontidão e maturidade e etc. Os resultados desta pesquisa ratificam o potencial do método pedagógico em questão na facilitação do desenvolvimento integral humano e evidenciam que, a atuação profissional, de forma crítica e responsável, é condição sine qua non para que os Educandos possam se desenvolver em segurança. Logo, é imprescindível que os Educadores sejam devidamente capacitados e possuam as habilidades técnicas, didáticas, sociais e emocionais necessárias para atuar neste contexto. Neste sentido, é essencial que a formação e a atuação dos Educadores balisados na Educação Experiencial pela aventura na natureza, bem como, suas implicações na aprendizagem, no desenvolvimento e na segurança dos Educandos, sejam focos de novas pesquisas.