O Preconceito na Educação Física e nos Esportes: Quando o Outro Ameaça

Por Ivan Gimenes de Lima (Autor).

Parte de Educação Física e Esportes: Diálogos Atuais . páginas 37

Resumo

Tratar da temática do preconceito no âmbito da Educação Física e dos esportes revela-se um desafio em um contexto social que se diz “não preconceituoso”. Vivemos ainda no Brasil, o mito identitário da “democracia racial” (ABRAHÃO; SOARES, 2011), já tantas vezes questionado na cotidianidade nacional. Dizemo-nos um país que acolhe os diferentes por sermos bastante miscigenados e trazermos em nosso sangue uma “mistura de raças”, contudo nosso dia a dia contesta aquilo que nosso discurso teima em proferir. Como já afirmava Marilena Chauí, em um texto de 1998:

Há no Brasil um mito poderoso, o da não violência brasileira, isto é, a imagem de um povo generoso, alegre, sensual, solidário, que desconhece o racismo, o sexismo, o machismo, que respeita as diferenças étnicas, religiosas e políticas, não discrimina as pessoas por suas escolhas sexuais, etc. (s/p).

Esse mito é facilmente derrubado quando analisamos os dados sobre a violência em nosso país. Segundo o Atlas da Violência (BRASIL, 2019), em 2017, 75,5% das vítimas de homicídios foram indivíduos negros. Enquanto a taxa de crescimento dos assassinatos de não negros subiu 3,3%, de 2007 a 2017, a de negros subiu 33,1%. Houve crescimento de assassinatos de mulheres, especialmente mulheres negras. Enquanto para as não negras o aumento foi de 4,5%, no período de 2007 a 2017, para as negras foi de 29,9%. Embora não haja registros oficiais para acompanhamento dos homicídios contra a população LGBTI+ ao longo dos anos, os dados apontam um crescimento no número de denúncias de homicídios e tentativa de homicídios1 nessa população. 

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