Resumo

Objetivamos nesta pesquisa problematizar a temática do sacrifício no esporte com vistas a uma possível transvaloração. Percebemos, no interior desse contexto, um possível esvaziamento dos potenciais afirmativos devido ao advento do entretenimento, da moralidade e da espetacularização do gestual. Dessa forma, a produção do presente texto possui as seguintes suspeitas: seria o valor do sacrifício esportivo mais uma herança da moral judaico-cristã? Reside ainda no esporte a sombra de uma moralidade apequenadora, como já alertou Nietzsche sobre a cultura? O pensamento de Nietzsche e a sua filosofia têm como características a crítica radical às construções religiosas e morais que, sob a lente vitalista do filósofo, exercem efeitos deletérios no corpo e na vida do sujeito, tanto em sentido ético como estético. Este filósofo alemão propõe que mantenhamos nossas crenças e nossos valores sob revisão constante, pois tais verdades são apenas fruto da criação humana a partir de determinadas relações de forças. Por esses motivos é que nos imbuímos do mecanismo nietzschiano da suspeita para nos debruçarmos sobre esse fenômeno. O que se percebe no contexto esportivo é que todo o esforço e sacrifício parecem visar algo para além do momento presente. Todavia, para o objetivo aqui aventado, o sacrifício esportivo não seria visto como um meio para se atingir um fim, mas como a elaborada formação da coragem, da excelência, do esquecimento ativo e da afirmação da vida na sua integralidade. Diante do que já fora exposto, a tentativa de transvaloração se dá na busca de deslocar a discussão sobre o esporte do terreno polarizado. Para além de bem e mal, o desafio é questionar a relação do valor do sacrifício esportivo com a matriz da moral judaico-cristã e perspectivar, por uma via mais ativa e vitalista o esporte.

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