Resumo

O presente estudo sistematiza uma proposta pedagógica que aborda o jogo enquanto um constitutivo sociocultural, um signo capaz de mediar mundos. Objetivo: descrever uma experiência que tematizou os jogos indígenas como uma possibilidade frente aos jogos hegemônicos nas aulas de Educação Física escolar. As intervenções ocorreram por meio da Oficina de Brinquedos e Brincadeiras (OBBA), uma proposta didática oriunda da Pedagogia da Corporeidade. Metodologia: As oficinas foram mediadas para um público total de 300 alunos do Ensino Fundamental II, entre os meses de abril e maio de 2023, totalizando 24 horas de intervenção. O percurso metodológico foi inspirado na estrutura pedagógica da Aula Laboratório da Pedagogia da Corporeidade (ALPC), organizada em três momentos: sentir, reagir e refletir. Os jogos escolhidos para análise foram: peteca e o jogo da onça, por representarem a cultura indígena, enfocando a compreensão e interpretação dos participantes das oficinas. Resultados e Discussões: Como resultados, observou-se a ampliação do acervo da cultura do jogo dos alunos, que se envolveram na construção dos brinquedos e na experiência do brincar indígena. O principal efeito da experiência destacado foi o desejo de compreenderem a cultura indígena, reconhecendo pela linguagem do jogo um conflito de hegemonia tendente a negligenciar as culturas ancestrais. Conclusão: Concluímos que é possível, por meio da OBBA, promover os conhecimentos da cultura indígena no ambiente educacional, destacando a riqueza motora e cognitiva de seus jogos. Assim valorizando seus elementos étnicos essenciais à construção da identidade do Brasil e excedendo os conteúdos eurocêntricos dominantes dentro da escola.

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