Resumo
Aborda o desenvolvimento das Olimpíadas Escolares no Espírito Santo, no período entre 1946 e 1954. Objetiva compreender as continuidades e as descontinuidades desse fenômeno esportivo e a relação entre o novo modelo de competições estudantis e a cultura esportiva capixaba. Como referencial teórico e metodológico, para a construção da narrativa histórica, utiliza autores como Carlo Ginzburg, Jaques Le Goff, Marc Bloch, Norbert Elias e Roberto Da Mata. Como fontes faz uso da imprensa capixaba, materializada nos principais jornais veiculados no período, do arquivo pessoal do professor Aloyr Queiroz de Araújo, da revista Vida Capichaba, além de entrevistas com atores envolvidos nas Olimpíadas Escolares. As Olimpíadas Escolares foram organizadas pelo Serviço de Educação Física, órgão do governo do Estado ligado à Secretaria de Instrução Pública, tendo como seu idealizador o professor Aloyr Queiroz de Araújo. As competições estudantis eram realizadas bianualmente, tanto na Capital, como no interior do Estado seguindo padrões coubertianos, normalmente promovidas em datas comemorativas demonstrando seu caráter cívico-patriótico. Em relação à escolarização da Educação Física no Estado do Espírito Santo, notamos que o Serviço de Educação Física, órgão criado pelo governo para controlar e dirigir as ações sobre Educação Física nas escolas secundárias do Estado, teve participação decisiva nesse contexto, ao capacitar e formar para o mercado de trabalho professores e monitores da área. Em um primeiro momento, a descontinuidade pode ser percebida quando os jogos escolares são transformados pelo Estado em Olimpíadas Escolares, propondo para essas práticas novos sentidos, próximos daqueles denominados de coubertianos. A segunda descontinuidade ocorre por motivos financeiros, quando o Estado decide abandonar o projeto pedagógico das Olimpíadas Escolares e volta suas energias menos para a cidade e mais para o campo.