Resumo

Não há como deixarmos de reconhecer a consagração do esporte como um dos fatos socioculturais que melhor representa o espírito do tempo da Modernidade. Assim, julgamos pertinente tematizar o esporte - e o olimpismo, como seu corolário - a partir das suas profundas relações com o projeto moderno, à medida que a própria Modernidade experimenta hoje novas formas de representação. Dados colhidos em uma netnografia na rede social Instagram, em que foram acompanhados seis atletas olímpicos brasileiros de handebol e igualmente seis triatletas durante o segundo semestre de 2018, demonstraram que suas manifestações denotavam maneiras bastante diferentes de expressar suas relações com o campo esportivo, com a modalidade que praticam, com seus fãs e seguidores, e com os patrocinadores. Considerando que o handebol pode representar o que denominamos de um esporte tradicional, criado à época da modernidade sólida, enquanto que o triatlhon tem o perfil de um esporte de aventura, já contemporâneo da chamada fase líquida da modernidade, a situação-problema que se construiu teve em vista buscar compreender os interesses, motivações, concessões e benefícios mútuos que, a despeito de possíveis estranhamentos comuns, tendem a associar as arraigadas tradições do pensamento olímpico às novas modalidades de práticas esportivas, que surgiram e se desenvolveram justamente na contramão daquelas tradições. A partir dos conceitos de mutualismo e de sinergia, acreditamos que nesse processo de mão dupla, que visa à modernização/atualização do olimpismo e à tradicionalização/ritualização dos esportes de aventura, pode-se perceber que há expectativas de ganhos simbólicos e financeiros para ambos.

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