Resumo

Este trabalho teve como objetivo geral investigar os lugares que as meninas-mulheres ocupam na Escola Estadual Pedro Gardés e nas aulas de Educação Física nos anos finais do ensino fundamental, como elas são percebidas e se mostram na instituição, suas diferentes atitudes, valores, preconceitos e gestos, pois a compreensão desses aspectos possibilita ampliar o olhar para as feminilidades na sociedade, como marcam as suas relações sociais, as dominações, as regras entre outros, e assim corroborar com os estudos de gênero e o direito de aprendizagem. O objetivo específico foi de compreender quais os lugares que elas se apropriam/empoderam no cotidiano escolar mostrando-se protagonistas ou não em momentos de intervalos e nas aulas de Educação Física. O empoderamento das meninas- mulheres no ambiente educativo na contemporaneidade admite-se como diferente do passado, pois há uma abertura para as discussões de gênero e ampliação das garantias de direitos, ao contrário do que ocorria. Contudo, há lacunas a serem superadas no que se refere à equidade de gênero em vários campos da nossa sociedade. Para tanto foi utilizada como base teórica Guacira Louro, Joan Scott e Judith Butler para os estudos de gênero; Erika Moreira, Yi Fu Tuan e Michel Certeau para os estudos do cotidiano e do lugar; Pierre Bourdieu e Michel Foucault para compreensão histórica das relações de poder; Silvana Goellner e Helena Altmann como suporte para as questões de gênero na Educação Física Escolar. A pesquisa com abordagem qualitativa, do tipo etnográfica no cotidiano escolar, teve como fontes e instrumentos de investigação, a análise de fontes documentais, a observação participante, plano bimestral de Educação Física e a entrevista semiestruturada com a técnica de grupo focal e chuva de ideias. A pesquisa ocorreu na Escola Estadual Pedro Gardés, situada no centro do município de Várzea Grande – MT. Os participantes foram os (as) estudantes do Ensino Fundamental do período matutino. Os resultados indicam que nos momentos de intervalo os lugares que envolvem jogos, principalmente a quadra de esportes, são majoritariamente ocupados pelos meninos, mesmo que parte das meninas reconheçam seus direitos de usufruir destes espaços da escola e de reclamarem esses direitos. Destaca- se também que nas aulas de Educação Física, o conteúdo sobre esportes de invasão, com direcionamento metodológico coeducativo, teve uma participação equivalente tanto de meninas, quanto de meninos, porém vale ressaltar a intensidade e a competitividade superior dos meninos nos jogos. O trabalho assinala que a apropriação das meninas e dos meninos nos lugares é uma construção histórico-social, principalmente da quadra de esportes – utilizada nas aulas com equidade de direitos a partir da intervenção pedagógica da docente e a necessidade da permissividade dos meninos para elas jogarem nos momentos de intervalos. Nesse sentido, é preciso ampliar os olhares dos (as) educadores (as) no que tange a apropriação dos lugares neste ambiente, fomentar o envolvimento de todos (as) com inserção da diversificação das aulas de Educação Física a partir das diferentes culturas, aprofundar em pesquisas que contribuem com reflexões sobre o empoderamento feminino frente à utilização dos espaços “instituídos” da escola de maneira protagonista, para assim, vislumbrar a garantia dos direitos de aprendizagem a todas e todos.

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