Resumo

A hipertensão pulmonar (HP) é uma síndrome crônica, sendo a maior causa de insuficiência cardíaca direita (ICD) não relacionada à disfunção do ventrículo esquerdo (VE), com prevalência de 50% em pacientes com ICD (IC com fração de ejeção do ventrículo esquerdo preservada). A ICD pode culminar em atrofia muscular que está diretamente relacionada com o mau prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca (IC) e contribui para a intolerância ao esforço físico apresentada por pacientes com ICD induzida por HP. No entanto, existe uma lacuna na literatura sobre em que fase da ICD o quadro de miopatia esquelética se estabelece e estratégias eficientes para minimizar a perda de massa e função muscular na ICD induzida por HP. Nas últimas décadas vem crescendo o número de evidências que apontam o treinamento físico aeróbico (TFA) como um importante coadjuvante no tratamento da IC, trazendo benefícios metabólicos e estruturais para os indivíduos portadores desta síndrome. De fato, trabalhos prévios do nosso grupo demonstraram que o TFA minimiza a miopatia esquelética tanto em pacientes como em modelos experimentais de IC com disfunção do VE. Contudo, o potencial efeito do treinamento físico sobre a fisiopatologia ICD ainda não está completamente esclarecido, uma vez que tal intervenção deixou de ser proscrita há poucos anos nesta síndrome. Existem diversos modelos de IC utilizados para a melhor compreensão da IC esquerda em camundongos, contudo, para estudo de ICD, ainda há uma escassez de modelos já caracterizados. Desta forma foi objetivo desse projeto padronizar um modelo robusto de ICD induzido por monocrotalina (MCT), bem como avaliar o impacto do TFA sobre a musculatura esquelética e cardíaca em camundongos com disfunção do ventrículo direito. Nós utilizamos camundongos C57BL6/J, tratados com (MCT) ou salina. O tratamento com MCT por 2 meses causou hipertrofia e disfunção do ventrículo direito acompanhada de edema pulmonar sem afetar o VE ou a tolerância ao esforço dos animais comparado aos animais tratados com salina, caracterizando um quadro de ICD isolada induzida por HP. Já aos 4 meses de tratamento com MCT, observou-se disfunção dos ventrículos direito e esquerdo acompanhada de edema pulmonar, associados à intolerância ao esforço e à atrofia de fibras do tipo II comparado ao tratamento com salina. Portanto, nessa fase da doença, há uma ICD grave que compromete a função do VE associada à intolerância aos esforços e à miopatia esquelética. Para estudar o efeito do TFA no tratamento da IC induzida por HP, animais tratados com MCT por 4 meses foram submetidos ao TFA nas últimas 4 semanas de tratamento. O TFA foi eficiente em melhorar a função do VE e a tolerância ao esforço físico em animais tratados com MCT, bem como reestabelecer o trofismo do músculo cardíaco e esquelético sendo, assim, uma estratégia interessante para tratamento da miopatia esquelética na ICD induzida por HP.

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