Resumo

As concepções de profissionais sobre promoção da saúde podem gerar significativas repercussões assistenciais e éticas, sobretudo na Atenção Primária à Saúde (APS) e no contexto da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Persistem, porém, lacunas sobre como essas percepções se relacionam aos princípios da promoção da saúde no cotidiano do trabalho. Compreendê-las pode contribuir para superar práticas centradas em patologias e adotar paradigmas ampliados do processo saúde-doença. OBJETIVO: Analisar as percepções de Profissionais de Educação Física (PEF) atuantes na APS diante das ações de Práticas Corporais e Atividades Físicas e sua relação com os princípios da PNPS. MÉTODOS: Estudo transversal com todos os PEF (servidores públicos municipais) da APS de Florianópolis-SC, entre outubro e novembro de 2022. Utilizou-se questionário semiestruturado, que mediou as entrevistas individuais e possibilitou a coleta de dados sobre cada princípio em relação às ações coletivas desses profissionais. Parte dos dados coletados foi representada a partir de estatísticas descritivas, enquanto os relatos das entrevistas foram interpretados por meio de análise de conteúdo. RESULTADOS: Considerando a população composta por nove profissionais, oito avaliaram que suas ações coletivas estão muito de acordo com os princípios da autonomia e integralidade. Por outro lado, três profissionais apresentaram essa percepção em relação ao princípio da intersetorialidade, e apenas dois em relação à intrassetorialidade. Em síntese, as ações dos PEF mostraram maior aproximação com os princípios de autonomia, integralidade, empoderamento e equidade. Territorialidade, participação social e sustentabilidade tiveram aproximação intermediária, enquanto intrassetorialidade e intersetorialidade apresentaram os maiores distanciamentos. Os achados deste estudo reforçam a noção de promoção da saúde como conceito complexo e polissêmico. CONCLUSÃO: As percepções dos PEF revelaram aproximações desiguais quanto aos princípios da PNPS, destacando-se a intersetorialidade e a intrassetorialidade como principais desafios enfrentados na condução de ações coletivas.

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