Resumo

Introdução: O aumento de adeptos ao surf em diferentes contextos (lazer, competição e saúde) (MOREIRA, 2009) tem fomentado, no litoral de Santa Catarina, a possibilidade de intervenção do profissional de Educação Física em escolas especializadas no ensino desta modalidade. Neste cenário, identificar o perfil motivacional dos alunos pode auxiliar o professor de surf no planejamento e em seus procedimentos pedagógicos utilizados para promover uma experiência de prática significativa. O conhecimento da motivação é um aspecto preponderante para identificar os fatores que o levam o indivíduo a iniciar e continuar na prática esportiva (TRUCCOLO; MADURO; FEIJÓ, 2006). A Teoria da Autodeterminação (TAD) indica que a motivação apresenta regulações complexas (biológicas, cognitivas e sociais) e que as pessoas são motivadas por diferentes fatores (RYAN; DECI, 2000). Objetivo: avaliar o perfil motivacional de surfistas iniciantes que realizam aulas de surfe no litoral catarinense, tendo como base a Teoria da Autodeterminação – TAD. Método: realizouse um estudo quantitativo, descritivo de campo (THOMAS; NELSON, 2002). A amostra foi composta 47 alunos (31 homens e 16 mulheres) com idade média de 31 anos e com tempo máximo de um ano de prática de surf, de duas escolas de surf de Santa Catarina. Os participantes responderam o Questionário de Regulação de Comportamento no Exercício Físico (BREQ-2; MARKLAND; TOBIN, 2004). A coleta de dados foi realizada individualmente na própria escola de surf após as aulas. Os dados foram analisados através do SPSS versão 13.0. Realizou-se o teste de Shapiro-Wilk, análises das médias e desvio padrão. Para testar as hipóteses utilizaram-se os testes t de Student (paramétricos) e Mann-Whitney (não paramétricos) ao nível de significância de 0,05 (p<0,05). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos – CEPSH da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC (processo Nº. 39/09). Resultados: Os resultados revelaram que os alunos apresentaram elevada autodeterminação para a prática do surf, indicando baixos níveis dos reguladores externos da motivação e níveis elevados de reguladores internos (motivação intrínseca e regulação identificada), não havendo diferença significativa entre os gêneros apesar de os alunos do sexo masculino apresentar níveis mais altos de autodeterminação. Estes valores indicam que os alunos realizaram o surf, predominantemente, por desfrute do tempo livre (férias); prazer pela atividade, sobretudo pelo contato com a natureza (mar); por seus benefícios físicos e psicológicos; e também pela valorização da atividade consciente oferecida pelo professor (segurança). Estes resultados corroboram com os achados de Muyor et al. (2009) em estudo com participantes de centros esportivos, e com os resultados da investigação realizada por Espejo et al. (2008) com praticantes de atividades físico-esportivas não competitivas. De acordo com a TAD, pessoas com um perfil autodeterminado demonstram ter mais aderência à prática esportiva com tendência a alcançar uma maior freqüência de prática (MURCIA; COLL, 2005; MURCIA GIMENO; COLL, 2007). Conclusão: Os alunos investigados apresentaram um perfil motivacional autodeterminado para prática do surf, comportamento este regulado pela natureza lúdica da atividade, interesse no ambiente de prática e ainda pelo modo formal que a prática é oferecida.

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