Resumo

Objetivo: Refletir de forma ensaística, no sentido de compreender como uma literatura específica do campo da Sociologia tem interpretado o conceito de classe social e as relações que estipulamos quanto às possibilidades de acesso às práticas corporais de crianças e adolescentes.

Metodologia: Inicialmente realizamos uma Revisão Sistemática, com base no protocolo (PRISMA) e na sequência desenvolvemos um ensaio, discutindo o conceito de classe social e a relação que tal categoria sociológica estabelece com as práticas corporais de crianças e adolescentes.

Originalidade/relevância: A relevância do estudo está em refletir sobre os conceitos de classe social e do “efeito de distinção”, para compreender como eles influenciam o acesso e o “gosto” por determinadas práticas corporais, contribuindo assim para um melhor entendimento dos mecanismos sociais intervenientes nesse fenômeno.

Principais resultados: Os estudos evidenciam que fatores como a classe social, a constituição familiar, a estrutura e o nível de segurança dos bairros influenciam o acesso e o tipo de prática corporal que as pessoas acabam se envolvendo. Com relação ao conceito de classe social utilizado pelos estudos, ficou evidente que a maioria possui uma visão economicista sobre essa questão, entendendo classe social como apenas “faixa de renda”.

Contribuições teóricas/metodológicas: Procuramos evidenciar a necessidade dos pesquisadores do campo das políticas públicas e dos agentes políticos pensarem não apenas em indicadores demográficos como o IDH, mas também nas questões simbólicas para melhor entender e propor ações voltadas para as práticas corporais de crianças e adolescentes.

Referências

Alves Junior, D. (2008). A relação mídia-esporte: um estudo das mensagens esportivas na televisão e seus efeitos na prática de Educação Física escolar, na percepção do professor. 86f. Dissertação de Mestrado - UNB, Brasília.

Boltanski, L. (2004). As classes sociais e o corpo. 3ª. ed. São Paulo: Paz e Terra.

Brockman, R. et al (2009). "Get off the sofa and go and play": Family and socioeconomic influences on the physical activity of 10–11 year old children. BMC public health, 9(253): 1-7.

Carson, V. et al (2016). Systematic review of sedentary behaviour and health indicators in school-aged children and youth: an update. Canadian Science Publishing, 41(6): 241-265.

Colley, R. C. et al (2013). The association between accelerometer-measured patterns of sedentary time and health risk in children and youth: results from the Canadian Health Measures Survey. BMC Public Health, 13(200): 2-9.

Coutinho, D. & Barros, R. P. (2013). Quem precisa de uma definição de classe média? In: Fundação Perseu Abramo E Fundação Friedrich Ebert (org.). Classes? Que classes? Ciclo de Debates sobre Classes Sociais. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, p. 125-138.

De Jong, E. et al (2011). Behavioural and socio-demographic characteristics of Dutch neighbourhoods with high prevalence of childhood obesity. International Journal of Pediatric Obesity, 6(3-4): 298-305.

D’Haese, S. et al (2014). The association between objective walkability, neighborhood socio-economic status, and physical activity in Belgian children. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 11(1): 2-8.

Donnelly, J. E. et al (2016). Physical Activity, Fitness, Cognitive Function, and Academic Achievement in Children: A Systematic Review. Medicine Science Sport and Exercise, 8(48): 1197-1222.

Eime, R. M. et al (2013). Family support and ease of access link socio-economic status and sports club membership in adolescent girls: a mediation study. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 10(1): 2-12.

Fairclough, S. J. et al (2009). Associations between children’s socioeconomic status, weight status, and sex, with screen-based sedentary behaviours and sport participation. International Journal of Pediatric Obesity, 4(4): 299-305.

Fogelholm, M. (2010). Physical activity, fitness and fatness: relations to mortality, morbidity and disease risk factors. A systematic review. Obesity reviews, 11(1): 202-221.

Fraga, A. B.; Carvalho, Y. M. & Gomes, I. M. (2012). Políticas de formação em educação física e saúde coletiva. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, 10(3): 367-386. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462012000300002&lng=en&nrm=iso. Acesso: 11 ago. 2020.

Glaner, M. F. (2003) A importância da aptidão física relacionada à saúde. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, 5(2): 75-85.

Gonçalves, M. B & Franco, N. (2016). Sedentarismo na adolescência e fatores determinantes. Journal Health NPEPS, 1(2): 263-277.

Gorely, T. et al (2009). Family circumstance, sedentary behaviour and physical activity in adolescents living in England: Project STIL. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 6(33): 1-8.

Graham, D. J; Schneider, M & Dickerson, S (2011). Environmental resources moderate the relationship between social support and school sports participation among adolescents: a cross-sectional analysis. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 8(34): 2-10.

Gualano, B & Tinucci, T. (2011). Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, 24(1): 37-43.

Hardy, L. L. et al (2007). Physical activity among adolescents in New South Wales (Australia): 1997 and 2004. Official Journal of the American College of Sports Medicine, 40(5): 835-841.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016). Pesquisa nacional por amostra de domicílio. Rio de Janeiro: CDDI.

Jekauc, D. et al (2013). Physical activity in sports clubs of children and adolescents in Germany: Results from a nationwide representative survey. Journal of public health, 21(6): 505-513.

Jung, K. W. et al (2013). Cancer statistics in Korea: incidence, mortality, survival and prevalence in 2010. Cancer research and treatment: official journal of Korean Cancer Association, 45(1), 1.

Kantomaa, M. T. et al (2007). Adolescents' physical activity in relation to family income and parents' education. Preventive Medicine, 44(5): 410-415.

Lampinen, E. K. et al (2017). Physical activity, sedentary behaviour, and socioeconomic status among Finnish girls and boys aged 6–8 years. European jornal of sports Science, 17(4): 462-472.

Lazzarotti Filho, A. et al (2010). O termo práticas corporais na literatura científica brasileira e sua repercussão no campo da Educação Física. Movimento, Porto Alegre, 16(1): 11-29.

Lee, I. M. et al (2012). Effect of physical inactivity on major non-communicable diseases worldwide: an analysis of burden of disease and life expectancy. The lancet, 380(9838), 219-229.

Lopes, F. (2014). Esporte e classe social na sociologia de Pierre Bourdieu. Revista Espaço Ética: Educação, Gestão e Consumo, 1(3): 168-182. Disponível: http://revistaespacoetica.com.br/wp-content/uploads/2015/01/168a182_revistaEE03_FelipeLopes.pdf Acesso: 29 mar. 2017.

McMillan, R.; Mcisaac, M & Janssen, I. (2016). Family structure as a correlate of organized sport participation among youth. Plos One, 10(2): 2-12.

Moher, D. et al (2016). Ítems de referencia para publicar Protocolos de Revisiones Sistemáticas y Metaanálisis: Declaración PRISMA-P 2015. Revista Española de Nutrición Humana y Dietética, 20(2), 148-160.

Mutz, M. & Albrecht, P. (2017). Parents’ Social Status and Children’s Daily Physical Activity: The Role of Familial Socialization and Support. Journal of Child and Family Studies, 26(11): 3026-3035.

Payne, S.; Townsend, N. & Foster, C. (2013). The physical activity profile of active children in England. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 10(16): 2-8.

Rojas; G. G.; Grinszpun, M. & Seid, G. (2010). Clases de deporte y deportes de classe. La distribución de los gustos y prácticas deportivas en el espacio social. In: Jornadas De Sociologia De La Universidad Nacional De La Plata, 7, La Plata. Anais... La Plata. Disponível em: http://jornadassociologia.fahce.unlp.edu.ar Acesso: 23 mar. 2017.

Sallis, J. F. et al (1996). Validation of interviewer-and self-administered physical activity checklists for fifth grade students. Medicine and science in sports and exercise, 28(7), 840-851.

Seabra. A. et al (2012). Gender, weight status and socioeconomic differences in psychosocial correlates of physical activity in schoolchildren. Journal of Science and Medicine in Sport, 16(4): 320-326.

Shakib, S. et al (2011). Athletics as a Source for Social Status among Youth: Examining Variation by Gender, Race/Ethnicity, and Socioeconomic Status. Sociology of Sport Journal, 28(3): 303-328.

Silva, P. V. C & Costa Junior, A. L. (2011). Efeitos da atividade física para a saúde de crianças e adolescentes. Psicologia Argumento, 29(64): 41-50.

Silva, A. M. & Damiani, I. R. (2005). As práticas corporais na contemporaneidade: pressupostos de um campo de pesquisa e intervenção social. In: Práticas Corporais: Gênese de um Movimento Investigativo em Educação Física. Florianópolis: Nauemblu Ciência & Arte, 17–28.

Souza, J. (2003). (Não) Reconhecimento e subcidadania, ou o que é “ser gente”? Lua Nova: Revista de Cultura e Política, 59: 51–73.

Souza, J. (2004). A gramática social da desigualdade brasileira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 19(54): 79–97.

Souza, J. (2005a). (Sub)cidadania e naturalização da desigualdade: um estudo sobre o imaginário social na modernidade periférica. Política & Trabalho, 22: 67–96.

Souza, J. (2005b). Raça ou classe? Sobre a desigualdade brasileira. Lua Nova, São Paulo, 65: 43-69. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452005000200003&lng=en&nrm=iso Acesso: 24 jul. 2020.

Souza, J. (2006). Para compreender a desigualdade brasileira. Teoria e Cultura, 1(2): 83–100.

Souza, J. (2013a). Em defesa da Sociologia: o economicismo e a invisibilidade das classes sociais. Revista Brasileira de Sociologia, 1(1): 129-158. Disponível em: http://www.sbsociologia.com.br/rbsociologia/index.php/rbs/article/view/25 Acesso: 24 jul. 2020.

Souza, J. (2013b). As classes sociais e o mistério da desigualdade brasileira. In: Fundação Perseu Abramo E Fundação Friedrich Ebert (org.). Classes? Que classes? Ciclo de Debates sobre Classes Sociais. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, p. 53-64.

Souza, J. (2014). A cegueira do debate brasileiro sobre as classes sociais. Interesse Nacional, 7(27): 35–57.

Stevens, M. et al (2017). A Social Identity Approach to Understanding and Promoting Physical Activity. Journal of Sports Medicine, 47(10): 1911-1918.

Tammelin, T. S. et al (2003). Physical activity and social status in adolescence as predictors of physical inactivity in adulthood. Preventive Medicine, 37(4): 375-381.

Viana, M. S. (2014). Atividade Física na adolescência: Influência da motivação e dos fatores associados. 291f. Tese de doutorado- UDESC, Florianópolis.

Walters, S. M. D. et al (2008). Does Participation in Organized Sports Predict Future Physical Activity for Adolescents from Diverse Economic Backgrounds? Journal of Adolescent Health, 44(3): 268-274.

Weir, L. A.; Etelson, D. & Brand, D. A. (2006). Parents' perceptions of neighborhood safety and children's physical activity. Preventine Medicine, 43(3): 212-217.

Wijtzes, A. I. et al (2014). Social inequalities in young children's sports participation and outdoor play. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 11(1): 2-10.

Zioni, F. & Westphal, M. F. (2007). O enfoque dos determinantes sociais de saúde sob o ponto de vista da teoria social. Saúde e Sociedade, São Paulo, 16(3): 26-34.

Acessar