Planejamento Participativo e o Ensino de Educação Física no 2º Grau
Por Walter Roberto Correia (Autor).
Em Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (até 2003 Revista Paulista de Educação Física) v. 10, n 4, 1996. Da página 43 a 48
Resumo
Inicialmente quero agradecer o convite feito pela comissão organizadora, e pela possibilidade de participar de um debate, cujo tema, sem sombra de dúvidas, é relevante. Este é o terceiro seminário sobre Educação Física Escolar, promovido por esta instituição, desde o início da década de 90. Portanto, gostaria de resgatar brevemente as discussões anteriores, tendo como referência os anos 80. Creio que as discussões no campo da Educação e da Educação Física na primeira metade da década de 90, foram subsidiadas pela produção de pesquisas sobre a escola na década de 80. Esta década, foi marcada por transformações na sociedade brasileira, no sentido de promover uma reorganização da sua estrutura social vigente, em bases mais justas e democráticas. Apesar de 10 anos desde à chamada “Abertura Democrática”, a consolidação de uma sociedade com tal perfil, ainda é desafio para o terceiro milênio e, dificilmente, se dará mediante uma escola ineficaz, excludente e essencialmente elitista. A produção de conhecimento sobre a educação escolarizada, entre muitos aspectos, tendeu a desvelar os conteúdos ideológicos subjacentes as políticas educacionais e as práticas escolares. A Educação Física não ficou alheia a este processo de rever os seus pressupostos, valores e propostas, caracterizando assim, uma crise de identidade face as novas demandas sociais. Apesar dos dignósticos elaborados pelos agentes da Educação na década anterior, frente às denúncias da produção do fracasso escolar em larga escala, estas não foram suficientes para promover mudanças qualitativas no interior das escolas nos anos 90. A leitura que faço em relação a Educação Física na década de 90, é que existe uma preocupação entre os teóricos, no sentido de redimensionarem a contribuição deste componente curricular dentro da escola e esclarecer qual é o seu objeto de ensino. Propor uma discussão em termos de qual é o conhecimento e a especificidade da Educação Física Escolar é uma atitude de responsabilidade social, pois, desta maneira, situa as possibilidades desta mesma no quadro mais geral da educação escolar. Para o momento, a proposta é debater a Educação Física no 2o. grau e procurar responder qual é o conhecimento que esta traz enquanto contribuição para o ensino de 2o. grau? Qual é a importância deste componente curricular na formação dos adolescentes? Portanto, a pergunta que fica é a seguinte: o que ensinar? para quem ensinar? como ensinar Educação Física no 2o. grau? Minha contribuição para essa mesa redonda, é expor alguns dados de uma experiência realizada em duas escolas públicas de 2o. grau na 16a. DE-Capital, mediante uma idéia de planejamento participativo e uma concepção de currículo aberto para o ensino de Educação Física. A intenção é de resgatar alguns aspectos dos cotidianos em questão, de maneira à fornecer subsídios para a discussão, a partir das dificuldades encontradas no trabalho docente no interior de uma escola pública. É no resgate das ações deste tempo e espaço chamado cotidiano, que as propostas se consolidam ou não, que os significados das práticas são construídos, é nesta realidade em que as contradições emergem e as propostas pedagógicas se configuram.