Por Uma Pedagogia do Esporte Feminista: Explorações Iniciais com Treinadoras Esportivas
Por Paula Korsakas (Autor), Mariana Harumi Cruz Tsukamoto (Autor), Aline Silva (Autor), Mayara Graciano (Autor), Larissa Rafaela Galatti (Autor).
Em III Congresso Internacional de Pedagogia de Esporte - CONIPE
Resumo
Situações-limite, para Paulo Freire, são aquelas em que as pessoas enfrentam o que lhes acontece com fatalismo, sem perceberem-se capazes de romper com as opressões, porque não têm consciência delas. O patriarcado é uma situação-limite que violenta mulheres de variadas formas, com contornos particulares no esporte, subjugando corpos femininos a práticas pedagógicas “naturalizadas”, mas que, em verdade, revelamse machistas e misóginas e urgem que sejam erradicadas. Objetivo: explorar a dialética freiriana denúnciaanúncio na construção de práticas pedagógicas feministas no esporte. Método: O estudo guiou-se por uma abordagem qualitativa, fazendo uso de bricolagem (fontes de dados variadas: entrevistas semiestruturadas, observação e filmagem de treinos e encontros reflexivos) com 3 mulheres negras (29-34 anos), atletas de luta olímpica e treinadoras em um projeto de empoderamento feminino pelo esporte, duas delas co-pesquisadoras. Procedimentos éticos de pesquisa foram cumpridos e todas assentiram participação via TCLE. Resultados: A prática pedagógica examinada por meio da práxis denunciou que aspectos do autoritarismo e humilhações vividos como atletas se reproduziam no fazer pedagógico das treinadoras como situações-limite – o jeito que o esporte é -, a exemplo das punições corporais como método disciplinador. A tomada de consciência se expressou na percepção de que o que faziam até então era sintoma de “estar doente de esporte”. O anúncio de práticas mais alinhadas com uma visão feminista e empoderadora se deu processualmente. O vazio resultante da negação de técnicas patriarcais, se transforma, aos poucos, em espaços para atos-limite amorosos e dialógicos na condução dos treinos. Conclusões: Criar condições para emergência de inéditos-viáveis – novas formas de ser e agir no esporte – feministas e emancipatórios no processo de desenvolvimento de treinadoras (e treinadores) pressupõe o reconhecimento que tal educação é um ato político capaz de, por meio da práxis, derrubar opressões de gênero em direção a um esporte mais justo e ético.