Resumo

Discutir a ideologia pós-moderna como resultante das contradições internas da sociedade industrial contemporânea, compreender como se situa a educação nesse contexto e, particularmente, analisar a influência dessa ideologia na educação física, à luz de uma teoria crítica e negativa da sociedade, é o que propomos. Nesse sentido, esse trabalho se caracteriza pelo debate teórico-filosófico, para o que recorremos à pesquisa bibliográfica com a finalidade de compreender os motivos que levaram alguns teóricos da ideologia pós-moderna a anunciarem a crise dos princípios e valores construídos ao longo da modernidade. Com a idéia de crise, a ideologia pós-moderna renuncia às teorias que pretendem compreender a realidade a partir da relação dialética entre universalidade e particularidade, além de desprezar as questões históricas que permitem compreender o desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção na sociedade industrial como ação concreta do homem. Com o intuito de justificar que a sociedade atual não é , mas está , numa etapa de desenvolvimento que tem raízes históricas antigas, recorremos a alguns conceitos de Marx e Marcuse os quais procuraram compreender criticamente a sociedade industrial e o capitalismo de seus tempos. Na perspectiva desses autores, voltamos à história para analisar a educação no contexto da sociedade industrial, a partir do amplo desenvolvimento da ciência e da tecnologia, motivo que nos faz desconfiar da concepção pós-moderna de educação. Analisamos ainda a história da educação física com o desenvolvimento da sociedade industrial, desde as exigências para o novo homem, as quais surgiram com o advento da sociedade burguesa de produção capitalista, até os conflitos contemporâneos. Verificamos que a influência da ideologia pós-moderna na produção do conhecimento em educação física não é generalizada, embora haja uma aceitação na área dos enunciados pós-estruturalistas e de correntes que propõem o denominado giro lingüístico. Apresentamos os equívocos dessas concepções, pois, em suas análises, a base material instituinte das relações sociais é desprezada. Por último, entendemos que estamos desafiados a manter o curso dos princípios que pretendem emancipar o sujeito da situação de exploração e menoridade. Uma vez que a educação física encontra-se implicada no processo formativo, devemos promover permanentemente uma crítica às contradições da sociedade contemporânea e aos discursos que, por desprezarem essas contradições, constituem-se em ideologia. 

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