Resumo

Entre disputas e conflitos a prática do ciclismo urbano para o lazer enfrenta questões sociais complexas próprias de São Paulo. Com base na tese de doutorado em andamento apresento uma análise sociológica de como e por que os citadinos pedalam no tempo livre numa metrópole do Sul. As informações qualitativas obtidas em São Paulo decorrem da etnografia de rua centrada na ciclo faixa operacional de lazer do circuito Centro-Paulista-Ibirapuera; bem como de entrevistas semiestruturadas com os próprios ciclistas, gestores públicos e experts. Em função da prática, os vídeos etnográficos foram adotados para registrar as imagens de cada informante. É no diálogo entre dados empíricos qualitativos e teorias da Prática, com ênfase na teoria da prática cotidiana de Michel De Certeau (2009), que a discussão em torno do ciclismo urbano, práticas urbanas, lazer e metrópole contribui com elementos estruturais e situados tanto para qualificar o planejamento urbano, quanto para adaptar as teorias aplicadas. A partir das lógicas estratégias e táticas certeusianas que as representações das maneiras de pedalar foram compreendidas. O ciclismo urbano como prática de lazer confronta ao que Lefebvre denomina de racionalização da vida urbana. Relatos de campo relacionaram a prática à memória de infância; à saúde; à segurança e ao transporte na metrópole. Por um lado, o campo empírico revelou a princípio preocupação estratégica com a inserção de hábitos saudáveis entre os atores investigados. Pedalar no tempo livre seria uma forma de praticar atividade física e sair do sedentarismo. Ao contrário, o sentimento de medo frente: a agressividade no tráfego pelas ruas; à saturação e centralidade dos parques para atender a demanda; e aos riscos de assaltos ao pedalar pela cidade, representa insegurança na prática. Por outro lado, as pedaladas para o lazer incentivaram a ampliação do uso da bicicleta para além do universo infantil e dos finais de semana e feriado. Verificou se que, com apropriação da cidade durante tal prática houve a ampliação das pedaladas para outros dias, horários ou até mesmo caminhos. Hoje em dia, muitos atores já usam a bicicleta para ir ao trabalho, buscar o filho na escolha ou fazer compras. O aspecto motivacional da prática do ciclismo urbano para o lazer fomenta mudanças nos comportamentos dos citadinos, bem como nas formas de representar a prática no próprio espaço urbano. Em um contexto que se afasta do espaço público, em que os espaços não promovem o encontro e a convivência entre os diferentes, o pedalar pela cidade aproxima, seduz e encanta com suas histórias e objetos arquitetônicos. A cidade distante e insegura cede lugar aos espaços de encontros e trocas. Questões sociais de saúde, segurança e transporte público são algumas dimensões associadas à prática do ciclismo urbano para lazer na metrópole do Sul

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