Práticas corporais nos clubes sociais negros: das memórias aos saberes da população negra

Parte de Educação e educação física: novos olhares . páginas 58 - 68

Resumo

Os clubes sociais negros carregam a história, resistência, persistência e re-existência da população afro-diaspórica no Brasil e apesar da diversidade de funções desses clubes na história, eles possuem em comum a luta pelo fortalecimento e valorização das identidades negras. Os clubes negros são lugares de memória, por serem ambientes de registros de acontecimentos históricos, de representações ancestrais e de ressignificações de existências. Este trabalho visa dialogar como os diferentes saberes e práticas corporais nos clubes sociais negros colaboraram com a construção de uma identidade positiva de homens e mulheres negras. Para atingir o nosso objetivo utilizamos como metodologia, a pesquisa como qualitativa, que visa identificar as produções científicas sobre uma determinada área em um espaço de tempo conforme argumenta Santos e Morosoni (2021). Para discutir os saberes corporais que manifestaram nos clubes negros por meio das diferentes práticas esportivas como de lazer, danças, expressões corporais e musicalidade nos baseamos nos estudos de Nora (1993); Silva (1997); Soares (2004); Escobar (2010). Mapeando as práticas corporais, encontramos os times de futebol, basquete, voleibol e em alguns casos natação, práticas de lazer como as festas da cerveja e piqueniques que promoviam as trocas de alimentos e afetos entre os associados; e nas práticas dançantes temos os bailes que por meio das expressões corporais fortaleciam e valorizavam os aspectos gestuais e a musicalidade ancestral. Concluímos que estas práticas corporais valorizavam a identidade negra, de modo a suscitar reflexões que fortaleceram a população negra a reestruturar sua luta, ocupando locais de protagonismo social, questionando as discriminações sofridas e ressignificando o silenciamento em enfrentamento.