Resumo

O rugby em cadeira de rodas é uma modalidade esportiva criada na década de 1970 no Canadá e praticada por atletas tetraplégicos. O esporte apresentou grande crescimento em 1996 figurou como esporte de demonstração nos Jogos Paralímpicos de Atlanta e posteriormente oficializado no programa em 2000 em Sydney. Os atletas passam por uma classificação funcional dividida em sete classes (0,5 = atletas com maior comprometimento a 3,5 = atletas com menor comprometimento) e são organizados no jogo em atletas de ataque e defesa, usando cadeiras específicas para cada função. A partida é desenvolvida em quatro tempos de oito minutos onde cada equipe é constituída por quatro atletas onde a soma das respectivas pontuações funcionais não pode ultrapassar oito. No Brasil a modalidade começou a se desenvolver apenas em 2005 e a primeira participação nos Jogos Paralímpicos ocorreu nos jogos do Rio de Janeiro. A preparação psicológica específica para esta competição teve oito meses de duração através de diversas “etapas de treinamento”. As demandas psicológicas impostas ao atleta de rugby são diversas. Levando em consideração a necessidade de obter desempenhos cada vez melhores em função do aumento da competitividade, o atleta de rugby pode, para além das qualidades física, técnica e tática, aprimorar suas capacidades psíquicas. O trabalho da parte psicológica leva em consideração a dinâmica do jogo e as necessidades específicas de cada equipe (sistema de jogo adotado) ou jogador (classificação alta ou baixa). Assim, levando em consideração que o atleta fica em média 2 a 3 minutos em quadra antes que o treinador promova um rodízio dos “lines”, desempenhando funções de defesa ou ataque e em condições de igualdade, superioridade ou inferioridade numérica. Do ponto de vista cognitivo deve-se desenvolver ótima capacidade de percepção, atenção ampla (ou distributiva), resistência de concentração (manutenção do foco em estímulos relevantes) e também uma boa capacidade de tomada de decisão. Em relação aos aspectos comportamentais, é desejável o desenvolvimento de um perfil resiliente para suportar a alta pressão emocional e estresse psicofísico que podem acontecer nos jogos. Trabalhar a automotivação também é fundamental, visto que o atleta tem que se adaptar a uma rotina de treinos e competições além de, muitas vezes, ter que desenvolver outras tarefas para além do esporte. Os aspectos sociais como a comunicação e liderança também são essenciais para uma prática bem-sucedida. Por se tratar de uma modalidade coletiva e bem dinâmica com transições entre o ataque e defesa, o atleta deve saber se comunicar, bem como ser capaz de prestar atenção aos sinais relevantes (p.ex. a voz do treinador) a fim de otimizar suas ações. Em situações criticas durante um jogo a capacidade de liderança dentro e fora de quadra podem favorecer enormemente o desempenho da equipe. Por fim, também é importante destacar a necessidade da integração do psicólogo do esporte junto às áreas técnica, de saúde e administrativa, visto que todas estas podem exercer uma influência no comportamento e desempenho do atleta/equipe.

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