Resumo

Introdução: O balé clássico com movimentos leves e gestos nobres é uma atividade de alto desempenho e habilidades técnicas, gerando assim grande exigência, principalmente do sistema músculo-esquelética. Objetivo:  E devido a sua alta performance e cobrança, expõe essa população a alterações desse sistema. Por isso o objetivo desse estudo é caracterizar e verificar as taxas das lesões músculo-esquelético. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal com bailarinos profissionais com carga horária de no mínima de 10 horas semanais. O método de entrevista foi via telefone por apenas um avaliador (J.J.C.N.). A definição de lesão utilizada foi "qualquer dor ou condição músculo-esquelética resultante de treinamentos e competições suficiente para alterar a rotina de treinamento normal podendo atrapalhar na movimentação em termos de forma, duração, intensidade ou frequência”. Os dados são mostrados de forma descritivas, a distribuição paramétrica está descrita em média e desvio padrão, distribuição não-paramétrica mostrada em mediana e intervalo interquartil e quando categóricas em número de amostragem e porcentagem. Resultados: Foram entrevistados 163 bailarinos(as) de diversos estados brasileiros sendo 68,1% mulheres. A idade média é de 23,7 anos, com peso de 58 kg, altura de 168 cm e IMC de 20,56 kg/m2. Os bailarinos(as) entrevistados tinham uma experiência de 167 meses, dentre eles 73,6% já trabalharam ou trabalham em cia profissionais pelo Brasil com tempo médio de 38 meses de cia profissional. As lesões por sobrecarga predominaram em relação as lesões traumáticas, 75% e 9,8% respectivamente. Foi encontrado uma taxa de 95% de queixa/lesões prévias e 85% disseram ter alguma queixa/lesão atual. A região do corpo de maior acometimento dos relatos foi o tornozelo (25%), seguido de joelho (16%) e lombar (12%). As principais lesões específicas prévias observadas foram entorse de tornozelo (12,8%), seguido de Tendinopatia do calcâneo (10%), Dor Lombar Não-Específica (10%), Síndrome do Estresse Medial da Tíbia (SEMT) (7%), Lesão Muscular dos Adutores da Coxa (5%), apenas 2% dos bailarinos não relataram algum tipo de lesão músculo esquelética. Já as principais lesões específicas atuais relatadas foram Dor Lombar Não-Específica (11,9%), Tendinopatia do Calcâneo (8,2%), Dor Anterior no Joelho (7,2%), SEMT (5,1%), Dor Não-Específica de Joelho (5,1%). Apenas 12,9% não tiveram nenhum queixa. Ao todo 92,6% bailarinos disseram ter realizado alguma intervenção de tratamento sendo que 70% deles já realizaram fisioterapia e o restante 7,3% anti-inflamatórios, 6,7% alguns não realizaram nenhuma intervenção, 4,2% recomendações médicas e 3% outras terapias. Houve 27,6% de cirurgias nas quais 16,5% foram ortopédicas. O tempo de afastamento médio é de 4 semanas. As queixas para as atividades do dia-a-dia como foram relatados por 49,7% dos bailarinos, nas quais a dor está ao andar 18,4%, realizar tarefas domésticas 15,33% e correr 4,29%. Conclusão: Conclui-se que o tornozelo, joelho e lombar foram as regiões do corpo com maior relato de queixas/lesões músculo-esquelética. A dor lombar não-específica foi a lesão especifica mais relatada entre os bailarinos seguido da tendinopatia do tendão calcâneo e o entorse de tornozelo em bailarinos clássicos e contemporâneos profissionais.

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