Princípios Para Consolidar Uma Educação Física Escolar Antirracista e Tensionar a Cultura Esportiva Contemporânea

Por Iury Crislano de Castro Silva (Autor), Henrique Antunes Cunha Júnior (Autor),

Parte de Racismo e Esporte no Brasil: Um Panorama Crítico e Propositivo . páginas 359

Resumo

Introdução

Neste capítulo, o nosso foco é a consolidação de uma perspectiva antirracista da educação física escolar, que engendra princípios ético-políticos e práticas pedagógicas. Para isso, discutimos conceitos e mobilizações que podem causar tensionamentos na cultura esportiva contemporânea hegemônica da sociedade brasileira. É um propósito fundamental da República Federativa do Brasil, assegurado pelo artigo 3º da Constituição de 1988, incentivar a plenitude da vida de tod s 1 sem “preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Nesse sentido, temos duas premissas que precisam ser decompostas porque as discriminações e os preconceitos não definem o racismo antinegr s. Assim, o racismo precisa ser conceituado como estrutural e como determinante da vulnerabilidade social, que também são aspectos que fazem parte da constituição (ALMEIDA, 2018). Além disso, essa problemática também faz parte de 1 A letra indica uma forma não binária de reconhecer a problemática do sexismo na construção do texto. 360 uma política de estado a partir dos acordos internacionais assinados pelo governo brasileiro em Durban, na África do Sul, em setembro de 2001. Naquela ocasião, a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou uma Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância, estabelecendo a Declaração e Programa de Ação de Durban como documentos consensuais que instituem a ação da comunidade internacional para combater o racismo. Desde então, há duas décadas, essa é uma agenda orientada ao combate de todas as formas de racismo e discriminação racial, sendo que o estado brasileiro é corresponsável por ela.