Quais os Efeitos de Um Treino de Mobilidade e Ginástica nos Componentes da Capacidade Funcional em Pessoas com Doença de Parkinson?
Por V. A. I. Pereira (Autor), Fábio Augusto Barbieri (Autor), L. C. Morais (Autor), M. B. Pestana (Autor), R. Vitório (Autor), J. A. Castro (Autor), Lilian Teresa Bucken Gobbi (Autor).
Resumo
A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela morte de neurônios dopaminérgicos. A morte desses neurônios acarreta no aparecimento de diversos comprometimentos motores, como acinesia, e bradicinesia, rigidez muscular, tremor em repouso, alterações posturais e da locomoção, e cognitivos. Esses comprometimentos afetam as atividades diárias de pessoas com DP, porém a prática de atividade física pode contribuir para o retardo da morte dos neurônios dopaminérgicos, diminuindo então os comprometimentos que surgem ao longo do tempo. No entanto, não se sabe ao certo qual o melhor tipo de intervenção para essa população. Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar o efeito de diferentes programas de atividade física na capacidade funcional de pessoas com doença de Parkinson. Participaram deste trabalho 72 idosos com DP idiopática, entre os estágios 1-3 da escala de Hoehn e Yahr (H&Y). Eles foram divididos em três grupos com diferentes programas de atividade física: mobilidade (n=24) onde o foco era promover a melhora da postura e da locomoção; ginástica (n=25) que através de atividades gerais buscou melhorar os componentes da capacidade funcional; e ativamente (n=23) que tinha objetivo de promover o convívio psicossocial entre os pacientes, através de atividades não motoras. Foram aplicados para todos os grupos 64 sessões de intervenção em 8 meses. Os pacientes que obtiveram pelo menos 70% de presença foram avaliados em uma bateria de testes de capacidade funcional em 2 momentos: antes e após intervenção. Foram avaliados os seguintes componentes da capacidade funcional: coordenação, equilíbrio, agilidade, força, resistência aeróbia e flexibilidade, mobilidade, postura e locomoção. Além disso, os participantes foram avaliados clinicamente. Para análise estatística, foi utilizada ANOVA com fator para grupo (p<0,05). Os resultados para fator principal do treino apontaram melhora na força e na locomoção (Gait Index), além de aumento no estágio da H&Y após o treino. Para fator principal grupo, não houve diferença significativa. Para interação entre treino e grupo, os grupos mobilidade e ativamente apresentaram melhora no equilíbrio após o período de treinamento. Ainda, o grupo ginástica apresentou melhora na força de membros inferiores enquanto o grupo ativamente apresentou melhora cognitiva após intervenção. Os grupos ginástica e mobilidade apresentaram melhor resultado para força comparados ao grupo ativamente e o grupo mobilidade apresentou melhora na coordenação motora fina em relação aos outros grupos após o treinamento. A partir dos resultados, pode-se concluir que as intervenções proporcionaram benefícios de acordo com os objetivos propostos por cada treinamento para as pessoas com DP. No entanto, o treino de mobilidade parece proporcionar melhoras em componentes da capacidade funcional, não esperado para este tipo de treinamento, o que sugere ser um tipo de treinamento mais indicado para esta população.