Resumo
A poluição sonora é um problema que afeta a percepção subjetiva da população em geral. No ambiente escolar, a má qualidade acústica pode prejudicar o nível de concentração do aluno e trazer ao professor um maior desgaste físico, interferindo em sua saúde. O objetivo deste estudo foi analisar a qualidade de vida, intensidade vocal durante o discurso em sala de aula, saúde vocal e percepção ao ruído de 61 professores da educação básica do ensino público na cidade de Curitiba-Pr, que desenvolvem suas atividades de ensino em ambientes de trabalho com característica acústica distinta. Este trabalho apresenta um delineamento do tipo exploratório comparativo e de corte transversal. Os instrumentos utilizados foram o WHOQOL-bref, QVV, o inventário de percepção auditiva e um dosímetro. A análise dos dados de natureza não paramétrica possuiu nível de significância de p<0,05. Os resultados indicaram que a escola 1 (conforto acústico) apresentou nível de pressão sonora no interior das salas de aula de 54,9 dB(A) e tempo de reverberação de 0,8 segundos, enquanto que a escola 2 (desconforto acústico) apresentou nível de pressão sonora no interior das salas de aula de 74,0 dB(A) e tempo de reverberação de 1,7 segundos. O nível de qualidade de vida e a percepção vocal dos professores é satisfatória e não difere significativamente entre as escolas. Quando se analisa a percepção do professor acerca do ruído de fundo no ambiente de trabalho, 58,6% entre todos os professores perceberam níveis de sonoros elevados. A intensidade vocal do professor durante uma aula de 45 minutos foi de 87,3 dB(A), classificado como “alto”. Os professores da escola de conforto apresentaram uma intensidade de voz superior se comparado aos pofessores da escola de desconforto (p= 0,033). O coeficiente de determinação da regressão linear bivariada demonstrou que o número de alunos por turma tem um efeito de 24,8% em relação ao nível de intensidade vocal dos professores. Considera-se que a atividade docente poderia ser considerada uma profissão de risco ocupacional, pois os níveis sonoros em sala de aula atingem valores superiores ao recomendado para atividade de ensino.