Relação das Forças Musculares Respiratória e Periférica com a Limitação Funcional em Pacientes com Insuficiência Cardíaca
Por Gabriele Candido Chiodelli (Autor), Cintia Laura Pereira de Araujo (Autor), Cardine Martins dos Reis (Autor), Fernanda Rodrigues Fonseca (Autor), Manuela Karloh (Autor), Anamaria Fleig Mayer (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 23, n 1, 2015. Da página 136 a 145
Resumo
A redução de força muscular está presente em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), normalmente associada a perdas de massa muscular, gerando fadiga e dispneia, que pode reduzir a capacidade de executar as atividades da vida diária (AVD). Entretanto, o impacto do prejuízo da força de cada compartimento muscular – de membros superiores, inferiores e respiratório - na capacidade funcional de pacientes com IC permanece desconhecido. Portanto, o presente estudo teve como objetivo verificar a relação das forças musculares respiratória e periférica com a capacidade funcional em pacientes com IC. Nove sujeitos com IC, idade de 53,5±6 anos, classe funcional II e III (NYHA) e fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FEVE) de 26,2±8,1% foram avaliados quanto a: função pulmonar, pressão muscular inspiratória (PImax) e expiratória (PEmax), força muscular de quadríceps (FMq) e de preensão palmar (FMp), tempo despendido no teste de AVD-Glittre (TGlittre), distância percorrida no teste da caminhada de seis minutos (TC6min) e escores de dispneia, limitação funcional e qualidade de vida. A FMq foi 29,7±6,3 kgf; 71±18,8%prev, FMp foi 355,5±87,9 N; 96,1±16,2%prev. A PImax foi de -69,4±26,2 cmH2O; 64,4±22,2%prev e a PEmax foi de 94,1±16,3 cmH2O; 78,4±26%prev. O tempo médio despendido no TGlittre foi 4,9±1,3min e a distância no TC6min foi 417,6±97,1m, que correspondeu a 74,4±18,3%prev. O TGlittre mostrou forte correlação com a FMq (r=-0,82; p=0,006), não apresentando associação com as demais forças musculares. O domínio atividades domésticas da LCADL se correlacionou com distância do TC6min (r=-0,79; p=0,01). A FMp apresentou correlação significante com a PImax (r=0,76; p=0,01) e com a FMq (r=0,70; p=0,03). Conclui-se que os pacientes com IC estudados apresentam redução de força muscular inspiratória, expiratória e de membros inferiores. Entretanto, somente a força de membros inferiores mostrou estar fortemente relacionada à limitação funcional nesses pacientes.