Relação Entre Capacidade de Produção de Força e Andar: Influência da Doença de Parkinson e da Fadiga Muscular
Por P. C. R. D. Santos (Autor), Fábio Augusto Barbieri (Autor), D. Orcioli-silva (Autor), L. Simieli (Autor), V. S. Beretta (Autor), M. B. Pestana (Autor), V. I. A. Pereira (Autor), Lilian Teresa Bucken Gobbi (Autor).
Resumo
Declínio nos níveis de força tem sido relatado com um dos acometimentos mais comuns na doença de Parkinson (DP). Os declínios na força muscular estão relacionados com problemas na funcionalidade e nas atividades de vida diária, além de acarretar em danos ao controle do andar. A fadiga muscular afeta a capacidade de produzir força e, como consequência, pode influenciar na relação entre a produção de força e os parâmetros do andar, principalmente para pacientes com DP. Assim, o objetivo do estudo é verificar a relação entre a capacidade de produzir força e parâmetros do andar para pacientes com DP e para indivíduos neurologicamente sadios antes e após indução à fadiga muscular (IF). Participaram deste estudo 20 pacientes com DP (GDP - idade: 69,85±5,13 anos; massa corporal: 72,88±8,85 kg; estatura: 164,99±7,30 cm) e 20 idosos neurologicamente sadios (GC - idade: 69,46±6,42 anos; massa corporal: 73,64±11,09 kg; estatura: 167,92±7,21 cm). Para o teste de força, os participantes realizaram 2 tentativas, antes e após IF, de contração isométrica voluntária máxima (CIVM) no aparelho Leg Press, onde foram instruídos a realizar o máximo de força por 5s. Para o andar, os participantes foram convidados a realizar 5 tentativas (antes e após IF), onde deveriam percorrer uma distância de 8m em velocidade preferida. A aquisição dos parâmetros (comprimento, largura, duração e velocidade da passada) foi realizada por meio de um sistema tridimensional optoeletrônico de análise do movimento (OPTOTRAK Certus®). A IF foi feita por meio da tarefa de sentar e levantar de uma cadeira sem braço até a exaustão, com frequência de movimento controlado por metrônomo (0,5Hz). Para verificar a relação entre as variáveis de interesse, foram realizadas correlações de Person (p<0,05), separadamente para o GDP e GC e para os momentos antes e após IF. Para o GDP, anterior à IF foi revelado relação entre CIVM com comprimento (r=0,56, p<0,01). Para o momento após à IF não foi revelado relação entre CIVM e os parâmetros do andar. Para o GC, ocorreu relação inversa entre CIVM e duração da passada tanto antes como após IF (r=-0,50, p<0,02 e r=-0,58, p<0,01, respectivamente). Tais resultados indicam que devido à fadiga muscular alterar a capacidade de produção de força, sendo esta já prejudicada na DP, pacientes após fadiga mudam a estratégia de controle e a relação existente entre força muscular deixa de ser significativa no comprimento da passada. Por sua vez, indivíduos controle, devido a melhor condição muscular, parecem não alterar o controle do andar após a tarefa fatigante, uma vez que a relação entre a capacidade de produzir força com duração se manteve após a tarefa de IF. Desta maneira, as evidências parecem sugerir que o controle do andar dos pacientes com DP é mais influenciável pelo efeito da fadiga.