Resumo

Recentemente, as ciências sociais e humanas têm dado maior importância ao automobilismo e ao conceito de velocidade como objetos de estudo relevantes para a compreensão de diversas questões atuais. Como parte desse crescente interesse, as práticas do automobilismo têm motivado diversas análises sobre as transformações sociais, geográficas, jurídicas e culturais decorrentes da velocidade dos automóveis. No entanto, esta pesquisa tende a ignorar o complexo processo pelo qual a velocidade dos automóveis se incorporou às sociedades na virada dos séculos XIX e XX. Para visualizar essa questão, a corrida Paris-Madri de 1903, responsável por mudanças fundamentais no futuro do automobilismo, constitui um estudo de caso pertinente, pois convergiu para inúmeros debates em torno desse modo de transporte em seus estágios iniciais de desenvolvimento. Para tanto, o objetivo desta pesquisa é examinar as representações jornalísticas dessa corrida na imprensa esportiva e não esportiva das cidades de Paris e Madri. As interpretações contraditórias do jornalismo, além de serem sintomáticas das discussões sociais desencadeadas pela velocidade dos automóveis, destacam a historicidade desse fenômeno.

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