Resumo
O presente trabalho tem por objetivo identificar as representações sociais dos burocratas de nível de rua do projeto escola da bola do ano de 2019, da Secretaria Municipal de Esporte (SMESP) sobre políticas públicas de esporte e lazer. Para alcançar o objetivo, apresenta-se uma revisão de literatura sobre os conceitos que perpassam sobre representações sociais, burocratas de nível de rua (BNR), fatores que influenciam sua discricionariedade, políticas públicas, esporte e lazer. Posteriormente caracteriza-se a SMESP e destaca-se o projeto escola da bola (PEB) sendo uma política pública de esporte e lazer (PPEL). O estudo foi desenvolvido em uma perspectiva interdisciplinar, com características qualitativas e exploratórias. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas com onze BNR, todos vinculados à SMESP. A entrevista foi desenvolvida remotamente (dez BNR) e presencialmente (um BNR), sendo composta por dois momentos: entrevista semiestruturada e técnica de associação livre de palavras (TALP). Para a análise dos dados, optou-se pela utilização dos pressupostos da Análise de Conteúdo e do auxílio do software Iramuteq. Para apresentação dos resultados, foram utilizadas sete classes que se destacaram a partir da análise de classificação hierárquica descendente das entrevistas, e pôr fim se utilizou da análise prototípica para a TALP sobre “esporte”, “lazer” e “políticas públicas do esporte e lazer” articulado com as nuvens de palavras. Resultados: ficou evidente que os BNR apresentam sua discricionariedade no cotidiano do PEB, evidenciando uma representação social do PEB baseada no entendimento que as crianças devem receber atividades voltadas para as manifestações esportivas de participação, formação e educacional pelos motivos do excessivo número de crianças e adolescentes no PEB, e pelas questões sociais dos mesmos, deixando de lado o esporte de rendimento. Em contrapartida evidencia-se que os BNR não têm reuniões presenciais periódicas com seu coordenador, porém a comunicação entre os BNR ocorre através de canais de mídia, como o WhatsApp, ocorrendo troca de informações entre os BNR que dá sentido para as ações. Cabe esclarecer que poucas reuniões com o coordenador, ou seja, o fator institucional não influencia na discricionariedade dos BNR, contudo os fatores individual/pessoais e relacional é o que influência na discricionariedade dos BNR, dando sentido as representações sociais dos BNR. As representações sociais sobre a ótica da abordagem estrutural sobre os termos indutores para o esporte apresenta como núcleo central a “Saúde” e “Oportunidade” e como sistema periférico a “Disciplina”, o termo indutor lazer apresenta como núcleo central o “Descanso”, “Paz”, “Família”, “Descontração” e “Alegria” e como sistema periférico a “Diversão”, ‘Brincar”, “Relaxamento”, “Rir”, “Jogos” e “Felicidade”, observa-se um consenso entre os BNR sobre o Lazer, por fim termo indutor políticas públicas do esporte e lazer apresenta como núcleo central a “Obrigação” e como sistema periférico “Política”, “Investimento”, “Competição” e “Lazer”. Considerações finais: com o estudo foi possível identificar que os BNR apresentam uma representação social sobre o PEB, que os fatores que influenciam sua discricionariedade são os fatores individual/pessoais e relacional e consequentemente impactam as representações sociais dos BNR, a falta de recursos financeiros e o excessivo número de crianças e adolescentes foi o grande problema trazido pelos BNR. E para novas reflexões e pesquisas fica o desafio de compreender as representações sociais de todos os BNR dos projetos, eventos e ações da SMESP.