Resposta Divergente da Testosterona e do Cortisol Séricos em Atletas Masculinos Após Uma Corrida de Maratona
Por Sheyla Carla A. França (Autor), Turibio Leite de Barros Neto (Autor), Marisa Cury Agresta (Autor), Renato Fraga M. Lotufo (Autor), Claudio E. Kater (Autor).
Em Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia v. 50, n 6, 2006. Da página 1082 a 1087
Resumo
O exercício físico altera a homeostase, pois requer rápida mobilização de fontes metabólicas. Neste estudo, analisamos a resposta dos níveis séricos de testosterona (T) e cortisol (C) e das enzimas de desgaste muscular CK, CKMB e LDH, em 20 atletas masculinos sadios (25 a 40 anos), participantes de uma maratona (42,2 km). Coletas de sangue venoso foram feitas em 3 períodos: (i) pela manhã, 48 h antes da maratona (controle), (ii) logo após o término da corrida (final) e (iii) na manhã seguinte, 20 h após a realização da prova (recuperação). Ao final, T estava significantemente mais baixa (de 673 para 303 ng/dl) e C mais elevado (de 20,3 para 42,5 µg/dl) que no período controle. Na recuperação, ambos praticamente retornaram aos níveis basais. CK, CKMB e LDH estavam significantemente mais elevadas ao final da corrida e mais ainda na recuperação (exceto a CKMB), caracterizando o desgaste muscular. Enquanto CK e LDH apresentaram significante correlação negativa com a T (-0,412 e -0,546, respectivamente), CKMB correlacionou-se positivamente com o C (0,4521). Concluímos que a correlação inversa entre T e C, e o comportamento das enzimas CK, CKMB e LDH, permite comprovar que uma corrida de maratona causa intenso stress físico, provocando desequilíbrio hormonal e lesão celular severa.