Resumo
O hábito de consumir tabaco industrializado é relativamente recente para a maioria dos povos do mundo. Estudos demonstram que o consumo desta substância traz prejuízos para diversos tecidos e sistemas do corpo humano, sendo fortemente associado com disfunções cardiovasculares e prejuízos sobre parâmetros de controle autonômico cardíaco. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar em indivíduos tabagistas os parâmetros hemodinâmicos e o controle autonômico cardíaco em repouso e em resposta a um teste de estresse mental e a um teste de esforço físico. A amostra foi composta por 43 sujeitos, com idade entre 18 e 30 anos, sedentários, distribuídos em quatro grupos: grupo controle (C, n=12), grupo baixa dependência (BD, n=12), grupo média dependência (MD, n=11) e grupo alta dependência (AD, n=8). O protocolo executado foi composto por duas fases: 15 minutos de repouso, seguido de teste de estresse mental e período de recuperação de 15 minutos. Após este teste colocava-se o sujeito em repouso novamente por 15 minutos, seguido de teste de esforço em bicicleta ergométrica e período de recuperação de 30 minutos. Freqüência cardíaca (FC), pressão arterial (PAD), índices de variabilidade da freqüência cardíaca (VAR RR e SDNN), de modulação parassimpática (RMSSD e HF) e simpática (LF) foram avaliadas no repouso, ao final e na recuperação dos testes. Durante o período de repouso foi observado que o grupo AD apresentou aumento nos valores de FC basal em relação ao grupo controle. Ao final do teste de estresse mental e do teste de esforço os grupos AD e MD apresentaram redução na variabilidade da FC, através dos índices VAR RR e SDNN, em relação ao grupo controle. A modulação parassimpática, quando analisada através dos índices RMSSD e HF, apresentou-se reduzida nos grupos AD e MD durante a recuperação do teste de esforço. Neste mesmo período foi observado também que a modulação simpática, analisada através do índice LF, permaneceu aumentada nos grupos AD e MD. Assim, estes resultados demonstram que o tabagismo promove alterações hemodinâmicas e no controle autonômico cardíaco, sugerindo o tabagismo como um fator de risco para eventos cardiovasculares, principalmente em atividade de maior esforço físico.