Resumo
O principal objetivo deste trabalho foi estudar as respostas da pressão arterial sistêmica (PAS) e da freqüência cardíaca (FC) a testes de função autonômica, analisando-se o controle exercido pelo sistema nervoso autônomo (SNA) sobre estas variáveis, em indivíduos aerobiamente treinados (atletas) e sedentários. O presente trabalho foi conduzido em um grupo de indivíduos sedentários (grupo C) que não praticavam atividade física regular há pelo menos 1 ano e um grupo de atletas corredores de provas de longa distância (grupo A), os quais praticavam esta modalidade há pelo menos 4 anos. Para avaliação da capacidade física aeróbia e das adaptações autonômicas cardiovasculares decorrentes do treinamento físico aeróbio praticado pelo grupo A, foram realizadas avaliações funcionais, não invasivas, a saber: teste de esforço físico, manobra de Valsalva (MV) e Manobra Postural Passiva (MPP). Foram analisadas as seguintes variáveis fisiológicas: freqüência cardíaca de repouso (FCR), freqüência cardíaca no limiar de anaerobiose (FCLA), consumo de oxigênio no limiar de anaerobiose ('VO IND. 2'LA) e no pico do esforço físico ('VO IND. 2'pico), potência de esforço no limiar de anaerobiose e no pico do esforço físico, freqüência cardíaca durante a MV e a MPP e pressão arterial sistólica (PS) e diastólica (PD) durante a MPP. Constatou-se que a freqüência cardíaca de repouso foi marcadamente menor nos atletas do que nos sedentários (p<0,05).Os valores de consumo de oxigênio, no limiar de anaerobiose e na condição pico, bem como os valores de potências de esforço no limiar de anaerobiose e na condição pico foram superiores (p<0,05) nos atletas, comparativamente aos atingidos nos sedentários: estes achados indicam uma maior capacidade física aeróbia nos atletas do que nos sedentários. Em relação às avaliações autonômicas durante as MV realizadas nas posições supina e inclinada, o comportamento da freqüência cardíaca, em função do tempo, foi similar para os grupos C e A. No entanto, a freqüência cardíaca, durante a MV realizada na posição supina foi menor em relação à realizada na inclinada, para os dois grupos estudados, sendo que as diferenças só atingiram significância estatística em alguns intervalos de tempo. O estudo da: MPP revelou que, durante o primeiro minuto da fase de inclinação, o grupo de atletas apresentou menores valores de FC e de velocidade de variação desta variável; no entanto, as diferenças não atingiram significância estatística. Por outro lado, na fase de recuperação a diferença no comportamento da FC, em função do tempo, para os grupos C e A atingiu significância estatística, com menores valores e velocidades de alteração dessa variável para os atletas. Quanto ao comportamento da pressão arterial sistólica, este foi similar para os grupos estudados durante a: MPP. Entretanto, o comportamento da pressão arterial diastólica atingiu diferença estatisticamente significante, sendo maiores para o grupo A. Uma análise global dos dados a partir deste estudo sugere que o treinamento físico aeróbio, praticado pelos atletas corredores de longas distâncias, promoveu adaptações autonômicas cardiovasculares que são relacionadas com a elevada capacidade física aeróbia, bem como com os reduzidos valores de freqüência cardíaca em todas as situações em que esta variável foi estudada: em repouso e durante as manobras de Valsalva e postural passiva