Resumo

O estudo analisa a Revista Brasileira de Educação Física e Desportos, uma publicação da Divisão de Educação Física do MEC, que circulou entre as décadas de 1960 e 1980. No período em que foi publicada, teve como editores o Cel. Arthur da Costa Ferreira, o Cel. Eric Tinoco Marques, o Cel. Osny Vasconcelos e o Cel. Péricles Souza Cavalcanti. A revista é considerada uma estratégia governamental, que publicou, ao longo de 16 anos, 53 edições, sendo gratuita a partir do volume 47. Inicialmente, sua tiragem era de 2.000 exemplares, chegando ao final com 100.000. O impresso, como um dispositivo que faz circular modelos, permite-nos perceber a abrangência do fenômeno esportivo perspectivado como práticas desportivas no Brasil, naquele período da ditadura militar, as quais eram compreendidas como referência para a Educação Física. A revista passa a circular no ano de 1968 e finda no ano de 1984. Desse modo, seu ciclo de vida é concomitante ao início e término do regime militar no Brasil.
Para compreender o desenvolvimento da Educação Física nos últimos 40 anos, é preciso voltar o olhar para as décadas de 1960 a 1980, momento em que os militares assumem o poder e passam a ditar as regras sobre diversos âmbitos da cultura brasileira, entre elas, o campo educacional e esportivo (BETTI, 1991). Assim, o estudo busca analisar as práticas de representação sobre os esportes que circularam na Revista Brasileira de Educação Física e Desportos para compreender a proposta militar para a Educação Física escolar no período da ditadura.
Na investigação, utilizamos como base teórica o conceito de lutas de representação desenvolvido por Roger Chartier. Para o autor,
As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros: produzem estratégias e práticas (socias, escolares, políticas) que tendem impor uma autoridade a custa de outros por elas menosprezados, a legitimar um projeto reformador ou justificar, para os próprios indivíduos, as suas escolhas e condutas (CHARTIER, 1991, p. 17).

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