Resumo

Com o objetivo de compreender como meninas e meninos constroem as relações de gênero na Educação Física, foram observadas aulas desta disciplina de quatro turmas de 5a série, recreios e Jogos Olímpicos Escolares em uma escola municipal de Belo Horizonte, e entrevistados meninas e meninos e a professora. Três categorias de análise se destacaram: a ocupação do espaço físico escolar, as exclusões em jogos esportivos e o cruzamento de fronteiras de gênero e da sexualidade na escola. Os dados mostraram que, por meio do esporte, meninos ocupavam espaços mais amplos que as meninas. No entanto, elas resistiam a esse domínio de diversas maneiras, como a partir de sua cumplicidade com a professora. Exclusões em jogos esportivos, um dos principais motivos de conflitos entre meninos e meninas nessas aulas, manifestavam-se de maneira polarizada em torno dos sexos. Entretanto, essas exclusões não se restringiam somente ao gênero, mas eram também de habilidade, idade e força. Além disso, havia uma simultaneidade entre ser excluído e excluir-se. Em meio a genereficação de habilidades esportivas, as meninas não representavam um desafio aos meninos, mas uma ameaça. Jogos e brincadeiras intermediavam e legitimavam o relacionamento entre os estudantes, mostrando a circulação informal de representações de gênero e da sexualidade. Enfim, as relações construídas por meninos e meninas eram marcadas pelo simultâneo controle e cruzamento das fronteiras de gênero.

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