Integra

Em 10 de julho passado, Alexandre Sayad teceu alguns comentários a respeito das midias na educação, aproveitando a oportunidade da realização da “International Conference on MIL and Intercultural Dialogue”, em junho, na Nigéria.

Após apreciar suas considerações, me ocorreu que a questão das mídias passa pela dificuldade das escolas (e educadores) brasileiros em entender o papel das TIC na educação.

A esmagadora maioria das iniciativas de uso é apenas um “update” para o livro didático, um recurso instrucional para “chamar” a atenção desta geração “touchscreen”. Até hoje, a maioria dos professores não consegue fazer um uso criativo do recurso “vídeo”, quase um tio mais velho na genealogia TICiana.

Mesmo os que estão “mergulhados” em TIC, com plataformas de aprendizagem em rede, estão longe de subverter o modus operandi tradicional. Parece mais uma aplicação taylorista, um ajuste fino nas engrenagens da “fábrica de instrução”, que estava bem desalinhada com a parafernália tecnológica contemporânea.

O discurso que acompanha estas práticas vai muito além do que elas mesmas. Colocar as TIC como “catalisadoras” do fenômeno aprendizagem é um equívoco. É persistir num perfil de aprendiz sustentado séculos a fio pelas elites dominantes, pois não há uma revolução intrínseca ao uso das TIC. Um tecnicista só conseguirá perceber utilidade nelas sob o seu prisma tecnicista. E tecnicista continuará sendo a sua prática.

As TIC, enquanto ferramentas para a construção do conhecimento devem, realmente, ser instrumentos nas mãos dos alunos. Mais na direção dos games e simuladores de realidade do que dos tutoriais e jogos pedagógicos. Com a mediação de um professor que não tema se lançar, junto a seus alunos, em direção ao inesperado , e que saiba liderar os processos de prospecção e aplicação de informações para a elucidação das questões que se colocarem.

Por Claudia Bergo
em 28-10-2013, às 17:02

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