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Ao transmitir aos colegas, amigos, familiares, nossas condolências e solidariedade na dor, pela morte de CARLOS ROBERTO COLAVOLPE, o fazemos lembrando de nossa convivência, que jamais será apagada, mesmo com nossas contradições, vez que, fez-se história.

CARLOS ROBERTO COLAVOLPE, apelidado carinhosamente de “ Robertinho” , conviveu conosco como docente de graduação, desde o ano 2000 e, como estudante de pós-graduação, durante o mestrado, de 2003-2005, quando defendeu a dissertação intitulada,  "O Esporte como conteúdo nos cursos de formação de professores: realidade e possibilidades" e, como doutorando, de 2006-2010, quando defendeu sua tese de doutorado intitulada “ SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E ESPORTE: A Teoria do conhecimento e o esporte na formação de professores de educação física”. Trabalhos inovadores que, em tempos de obscurantismo e avanço da barbárie, levarão anos e anos para terem, plenamente, seu teor de ineditismo, de originalidade, reconhecidos.

Professor Carlos Roberto Colavolpe compôs conosco Grupos de Pesquisa, LEPEL/FACED/UFBA, na área de Ciências do Esporte e, GEPEC/FACED/UFBA, na área de Educação do Campo. Nestes dois Grupos de pesquisa contribuiu, sim, com sua presença, compondo bancas e assumindo conosco os riscos da implementação de políticas públicas que chegaram em território longínquos desta imensa Bahia, território conflituoso, do tamanha da França e, o 6º maior PIB do Brasil. Território contraditório onde encontramos desde as mais significativas revoltas como a Revolta de Búzios e a Revolta do Malês, ocorrida em 1835, até a valentia revolucionário de um CARLOS MARIGHELLA. Robertinho além de se chamar Carlos, morreu justo no dia em que Carlos Marighella foi assassinado, em 04 de novembro de 1969, por forças ditatórias de um regime militar empresarial, que impôs o Ato Constitucional N. 5 que, lamentavelmente, o filho do "Bozo", como denominava Robertinho, Eduardo, este sim conservador, de extrema direita, protofascista, evoca para reprimir as ideias e as manifestações que estes dois Carlos, o Carlos Roberto Colavolpe e o Carlos Marighella defenderam e, com isto, nos legaram o tesouro dos que defendem a democracia, o tesouro dos valentes revolucionários que lutam por outro modo de vida que não o capitalista.

Em nosso último encontro, dia 02 de novembro de 2019, já desenganado pelos médicos, Robertinho, lúcido, me perguntava, como fica o ethos da universidade, publica, laica, inclusiva, democrática, socialmente referenciada, financiada com recursos públicos, com sua autonomia destruída? Como ficam as gestões com reitores que nós não elegemos? Respondia eu, constrangida pela dor de saber, de um bravo companheiro a beira da morte, “Robertinho enfrentaremos lutando, com conflitos, com confrontos, intensificando a luta de classe na defesa da Universidade Publica, conforme a construímos até aqui”.

Quem fez a luta sindical, nos últimos anos, sabe muito bem do prestimoso e útil serviço que Robertinho prestou na luta sindical, não só comparecendo as Assembleias, mas contribuindo em comissões que foram, desde comissões eleitorais, até comissões de ética durante greves prolongadas como foi a greve de 2012 e a greve de 2015.

Robertinho, a seu modo, lutou por um outro modo de vida. Isto está em sua dissertação, em sua tese, em seu trabalho nos grupos de pesquisa, no livro que contribuiu para organizar intitulado “Trabalho pedagógico e Formação de Professores/militantes culturais: construindo políticas públicas para a Educação Física, Esporte e Lazer”, editado pela EDUFBA, em 2009, bem como, em sua militância junto a APUB. 

Carlos Roberto Colavolpe compôs conosco, como Chefe de Departamento III, de Educação Física, a gestão da FACED/UFBA, no período de 2008 a 2012, período em que apresentamos para a FACED propostas para a autonomia e autodeterminação da área de Ciência do Esporte, reformulamos o currículo do curso de graduação em Educação Física, apresentamos um novo Regimento para a FACED, proposta para um programa de pós-graduação nem Educação Física e, uma proposta arquitetônica para o Complexo Esportivo Educacional Popular da Cultura Corporal da UFBA, no local onde atualmente se localiza o CEFE (Centro de Educação Física e Esporte da UFBA), propostas que somente serão compreendidas, provavelmente, depois de passada a fase da barbárie que estamos vivendo. Ideias que influenciaram inclusive o Trabalho de Final de Curso (TCC) em Arquitetura, de seu amado filho Lucas. 

Neste momento de luto, nos cabe reconhecer seu trabalho do ano de 2000 em diante. Antes disto, os colegas que com ele conviveram, os atletas que com ele compuseram equipes, os estudantes por Ele formados, podem contar a história. Assim como os familiares, em especial a sua amada esposa IBIRACÉIA SILVA COLAVOLPE, a querida “Birinha”, podem contar a história de Robertinho no convívio familiar.

Neste momento de luto nos cabe prestar aos familiares, amigos, colegas, nossa solidariedade na dor, que nós, humanos, sentimos quando parte um dos nossos.

Como mensagem final deixamos a poética do metafísico JOHN MAYRA DONNE que viveu entre 1572-1631, na sua celebre frase: “A morte de cada homem diminui-me, porque eu faço parte da humanidade; eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim,…” e acrescentamos, é por nós que os sinos dobram, é pela humanidade. Com a morte de Robertinho perdemos nós, perde a humanidade.

Nos diz JOHN MAYRA DONNE em seu poema intitulado “Morte, Não te Orgulhes”....

“Morte, não te orgulhes, embora alguns te provem
Poderosa, temível, pois não és assim.
Pobre morte: não poderás matar-me a mim,
E os que presumes que derrubaste, não morrem.
Se tuas imagens, sono e repouso, nos podem
Dar prazer, quem sabe mais nos darás? Enfim
Descansar corpos, liberar almas, é ruim?
Por isso, cedo os melhores homens te escolhem.
És escrava do fado, de reis, do suicida;
Com guerras, veneno, doença hás de conviver;
Ópios e mágicas também têm teu poder
De fazer dormir. E te inflas envaidecida?
Após curto sono, acorda eterno o que jaz,
E a morte já não é; morte, tu morrerás.”

ROBERTINHO VIVE! ROBERTINHO PRESENTE !

NOSSA SOLIDARIEDADE NA DOR…

CELI NELZA ZULKE TAFFAREL – Professora Dra. Titular FACED/ UFBA - Em Nome dos que fizeram e fazem os Grupos LEPEL E GEPEC FACED UFBA

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