Resumo

A escola é um ambiente onde a criança inicia seu processo de sociabilidade com outras crianças, fora do círculo familiar. Nesse novo espaço são partilhados valores e culturas em diferentes momentos e espaços do cotidiano escolar, onde o recreio é um deles, que é entendido como um momento de ‘tempo livre’. Esses espaços são entendidos pela comunidade escolar como momentos onde os alunos sentem-se mais à vontade para se expressar e trocar experiências, por possuir uma supervisão menos rigorosa. O objetivo deste artigo é analisar as tensões no tempo livre em uma escola particular do Rio de Janeiro. A metodologia utilizada foi a observação participante. Observamos os tempos livres no colégio São Bernardo uma escola particular da zona Norte, subúrbio do Rio de Janeiro. Três categorias foram identificadas a partir de nossas observações: a divisão dos espaços e interação dos grupos; as brincadeiras de meninos e de meninas; e os dilemas sobre inclusão. Verificamos que os tempos livres escondem um mecanismo coercitivo de violência simbólica que limitam a fruição corporal de meninos e meninas. Entretanto observamos que existem algumas atividades que são capazes de unir os gêneros. Encontrou-se ainda que a participação de crianças com deficiência tem ampla ocorrência nos distintos grupos, fruto de uma política de conscientização dos alunos sobre o tema. Apontamos que a discussão sobre as relações de gênero deveria ser incluída no currículo escolar.

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