Resumo

Este estudo teve por objetivo estabelecer parâmetros que permitissem adaptar a prática do Handebol para Cadeira de Rodas (HCR), desenvolvendo uma modalidade capaz de integrar deficientes à vida social, tendo sido construído em três etapas distintas, porém complementares. Inicialmente foi realizada uma pesquisa histórica, que serviu de fundamento para a discussão dos aspectos organizacionais da adaptação do Handebol para a prática em Cadeira de Rodas (HCR). Na segunda etapa, fundamentadas na metodologia da pesquisa-ação foram realizadas observações em competições e treinamentos para a identificação dos fundamentos técnicos e táticos do HCR. A terceira etapa implicou na coleta de dados de desempenho em competição que permitiram avaliar o volume de jogo dos atletas e classificá-los de acordo com seu nível de mobilidade, utilizando-se estatística descritiva para análise dos dados. A proposta de adaptação das regras possibilitou a criação de duas modalidades: o HCR7, que adapta as regras do Handebol de Salão para o jogo em Cadeira de Rodas, priorizando a inclusão, e o HCR4, que adapta as regras do Handebol de Areia, privilegiando a plasticidade do jogo, tornando-o agradável e atraente para público e mídia. No âmbito dos fundamentos técnicos (capítulo 3) a principal alteração que se observa é a necessidade de domínio do manejo da cadeira, elemento fundamental para o bom desempenho no jogo, sendo possível ainda identificar os seguintes fundamentos técnicos: passe e recepção, condução e controle da bola (inclusive fintas), lançamentos ou arremessos, bloqueio ofensivo e bloqueio defensivo. No que diz respeito aos elementos táticos (capítulo 4) do jogo de HCR7 as estratégias adotadas estão tomando por base as existentes no Handebol, com defesas individuais (quadra inteira, meia quadra, pressão e interceptação), por zona (3:3, 5:1, 4:2, 3:2:1 e 6:0) e mistas (5+1, 4+2, 3+3). Já o desenvolvimento tático do HCR4 está sendo construído de forma original e como a quantidade de competições ainda é pequena não foi possível estabelecer estratégias táticas pré-definidas em relação a esta modalidade. Os jogos realizados permitem inferir que a liberação para qualquer atleta de quadra ser o goleiro amplia sobremaneira as alternativas táticas do jogo. A Classificação Funcional (capítulo 5), elemento democratizador da prática esportiva para deficientes, tem por objetivo equilibrar as condições de competitividade entre equipes de deficientes, possibilitando tornar elegíveis para a prática de esportes em cadeira de rodas deficientes que não são obrigados a permanecer na cadeira o tempo todo (amputados, sequelados de poliomielite, entre outros). O capítulo 6 foi destinado à discussão da relação entre fundamentos técnicos e táticos e desempenho em competição, levando em consideração a classificação funcional. Um instrumento de coleta de dados – scout – foi criado e permitiu quantificar o desempenho dos atletas durante a disputa do 1º Campeonato Brasileiro de HCR, realizado em Toledo/PR, no mês de agosto de 2009. O Handebol em Cadeira de Rodas vem se constituindo numa alternativa eficaz de prática desportiva para a pessoa com deficiência, principalmente por atender a um grupo que tem dificuldades para jogar basquete, porém não possui comprometimento suficiente para praticar o rugbi, que somada à facilidade de aprendizagem transformam o Handebol em Cadeira de Rodas numa nova e atrativa opção de prática coletiva de Esporte Adaptado para pessoas com deficiência

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