Resumo

No futebol, o jogo se joga a cada um dos 90 e tantos minutos de uma partida, o que também significa dizer que é no decurso desse tempo que o jogo vai se construindo como objeto crítico, estético, histórico, desportivo etc., ganhando novos ritmos e tensões, ensaiando reviravoltas, redesenhando hierarquias e se evidenciando, assim, como experiência intensamente efêmera e dinâmica. Ao apito final do árbitro, o jogo se encerra, os sujeitos de sua construção vão para os vestiários, o placar se torna definitivo; no entanto, a construção do jogo como objeto de leitura não cessa nesse mesmo instante, na medida em que sobrevive como objeto de debate e disputa da crítica e do comentário desportivo, ganhando suas mais diversas ressignificações. Partindo de um esforço de aproximação entre o objeto-jogo (de futebol) e o objeto-obra (literária), em sua condição comum de objetos de um processo contínuo de ressignificação por parte da crítica, este trabalho propõe uma reflexão sobre as noções de futebol-arte e de tradução-arte.

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