Transtorno do Espectro Autista:um Estudo de Caso Sobre Práticas Pedagógicas na Educação Física
Por Shayda Muniz Oliveira Guilherme (Autor), Gabriela Simone Harnisch (Autor), Lizete Wasem Walter (Autor), Ana Laura Fischer Lotermann (Autor), Bruna Poliana Silva (Autor), Douglas Roberto Borella (Autor).
Resumo
Introdução: O ambiente escolar abrange uma diversidade social imensa, de forma que os docentes ministrem aulas para uma infinidade de alunos que apresentam diferentes características e fases de maturação, dentre essa variedade, encontra-se também o trabalho junto de alunos com deficiência. Para atender ao amplo público, o professor precisa contar com práticas pedagógicas adequadas em suas aulas, objetivando suprir as demandas de cada discente em particular. Nesse contexto, surge o interesse em analisar as práticas pedagógicas em Educação Física em situações envolvendo o aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Objetivo: Analisar as práticas pedagógicas utilizadas por um professor de Educação Física que atue junto a um aluno com Transtorno do Espectro Autista incluso em turma de ensino regular. Método: A pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso. A população foi constituída por um professor de Educação Física da rede municipal de ensino da cidade de Marechal Cândido Rondon-PR, e um aluno com TEA incluso em suas aulas. O aluno selecionado deveria atender os seguintes critérios: ter o laudo médico fornecido por um neurologista e estar matriculado nos anos iniciais do ensino fundamental. Considerando que no município haviam três alunos que atendiam esses critérios, o aluno do estudo foi selecionado por conveniência. O aluno ainda contava com o auxílio de um Professor de Apoio Educacional Especializado (PAEE), mas este o acompanhava apenas em sala de aula, não comparecendo nas aulas de Educação Física. O instrumento de coleta de dados foi construído com base em um estudo semelhante, constando de questões abertas e fechadas que foram preenchidas pelos pesquisadores a partir das observações realizadas. Foram realizadas três observações em aulas de Educação Física, nas quais o aluno com TEA estava presente. Os dados foram analisados mediante o modelo qualitativo. Resultados: A prática do professor variou consideravelmente de acordo com as diversas situações das aulas. A proposta de atividades envolvendo a participação simultânea de todos os alunos se deu no caso observado, o que sugere o cuidado do professor em planejar uma prática abrangente e proveitosa, utilizando da melhor maneira o tempo de aula para alcançar os objetivos desejados. Verificou-se também que o professor predominantemente flexibilizou o conteúdo de maneira adequada, levando em conta a faixa etária da turma bem como as capacidades cognitivas do aluno incluso. No caso analisado o professor utilizava do método de ensino de exposição verbal com toda a turma, não tratando do aluno com TEA de maneira diferente ou previlegiada a princípio. No entanto, quando a compreensão do aluno com TEA sobre a atividade não era efetiva – normalmente constatada através da observação do próprio docente – o professor diversificava seus métodos de ensino, se utilizando de métodos em que a criança captava a informação por meio da visão (métodos de exemplificação e de ilustração nesse caso), facilitando a compreensão perante a atividade. Considerações Finais: As práticas utilizadas com o aluno com TEA estão diretamente ligadas às ações destes perante as suas características. Considerando os diferentes níveis de comprometimento entre indivíduos com TEA, certamente as práticas pedagógicas podem ser também diferentes, cabendo a cada professor a decisão de como desenvolver os conteúdos com seu aluno. Considerando o pouco referencial teórico abordando temas do aluno com Transtorno do Espectro Autista em aulas de Educação Física, se fazem necessárias novas pesquisas, em que novas práticas pedagógicas sejam repensadas, formuladas e testadas com intuito de contribuir tanto para os conhecimentos científicos, como para os saberes de como trabalhar com esse público e seu aprendizado durante as aulas se dê de forma mais eficiente.