Tratamento da Obesidade: Treinamento de Força Prescrito a Partir de Diagnóstico Geral
Por Carla de Meira Leite (Autor).
Integra
introdução:
introdução: baseada no tripé ensino- pesquisa-extensão, aliando a produção acadêmica às demandas sociais, sob as recomendações do plano nacional de extensão, a fef-fig vem desenvolvendo o projeto geobe que, em linhas gerais, é um programa que tem por objetivo promover mudança alimentar e motora em pessoas obesas, e como conseqüência reduzir a gordura corporal. para prescrever exercícios físicos visando emagrecimento é preciso apropriar-se dos conteúdos para intervenção (diagnóstico, testes, carga de treinamento, etc). além disso as pessoas obesas apresentam doenças associadas como hipertensão, alterações ósteoarticulares e outras que demandam um profissional capacitado para prescrever exercícios físicos no tratamento não medicamentoso da obesidade, sem agravar as patologias presentes. no que se refere ao movimento articular especificamente ,embora submetidas às leis da mecânica simples, o que diferencia as articulações, do sistema mecânico, é que as peças que as compõem são feitas de tecido vivo ,submetidas às leis que regem os equilíbrios biológicos dos tecidos ósseos, cartilaginosos, cápsulo-ligamentares e musculares, o que sugere individualização na prescrição de exercícios físicos. em consonância com esta afirmação, este trabalho teve como objetivo analisar as condições de saúde de adultas obesas ingressantes em um programa de emagrecimento, com exercícios físicos e orientação nutricional.
metodologia:
metodologia: diagnóstico geral a partir de anamnese, exames bioquímicos, ortopédicos, ecge, avaliação do estado nutricional e antropometria, além de teste de desempenho motor. iniciaram o programa 17 adultos obesos, excluiu-se o único homem, quatro adultas que estavam impedidas de realizar exames físicos e 2 pré-adolescentes. assim, os dados analisados referem-se a 11 adultas obesas (>p95), com valores médios de : imc 35,8 ± 5,8, %aimc 150 ± 25%, que as classifica, em média, como obesas de grau 3, sendo 27% grau 1; 9% grau 2; 27% grau 3 e 36% de alto risco, idade 40,3 ± 8,9. os exames bioquímicos foram realizados pelo convênio médico das participantes ou em postos de saúde. os testes de desempenho motor e a antropometria foram realizados na fef-fig pela professora responsável.
resultados:
resultados: 55% das participantes realizaram os exames solicitados, sendo que destas 36% apresentaram alterações ortopédicas nos ombros, tronco, e quadril; 27% nos pés e 9% no posicionamento da cabeça e dos joelhos. com este quadro, o percurso da caminhada não deve ser extenso, pois agrava as patologias ósteoarticulares pré-existentes. nos exames bioquímicos o tsh estava normal, média 3,7 ± 2,6, o que afasta a possibilidade de obesidade endógena. os valores médios de glicemia de jejum 97 ± 20 , e hemoglobina glicosilada 7,9 ± 3, afastam a condição de diabete, porém uma aluna portadora de diabete, estava sob controle de medicamentos. quanto aos lipídeos, o ct 198± 24, ldl 127,5 ± 29,4, hdl 49,13 ±13,2, e triacilgliceróis 129,7 ± 41,8, evidenciam a necessidade de mudança do comportamento alimentar e motor. os valores médios de vo2máx. foram obtidos pelo ecge = 31,23 e 5,78. quanto à avaliação da condição física, embora os testes fossem adaptados, 25% das alunas não participaram, em função dos problemas óstearticulares. os testes ( cezar, 1999) utilizados foram 12 minutos (caminhada), flexão do tronco, de cotovelos e banco de wells, para avaliar respectivamente, as capacidades de potência aeróbia, força muscular abdominal e de membros superiores e flexibilidade da musculatura posterior dos membros inferiores e região lombar. os resultados médios foram: 1309,58 ± 202,93 mts; 36± 9 flexões de tronco; 40 ± 9 flexões de cotovelo e alcançaram 19,2 ± 9,3cm no banco horizontal.
conclusões:
conclusões: os dados bioquímicos coletados não representam impedimento para a prática do treinamento proposto no programa, porém, o baixo nível de condicionamento físico das alunas associado aos problemas ósteoarticulares, requerem uma adaptação na prescrição dos exercícios. a qualidade destes estímulos pode se traduzir em forças estruturantes, portanto biomecanogênicas, ou forças desestruturantes, patomecanogênicas, considerando o aumento da massa total que acompanha os portadores de obesidade e que as forças determinam as formas, solicitar as articulações através da musculatura antagonista, contrário ao predomínio funcional, sugere a harmonização do ritmo destas, a fim de evitar o agravamento das patologias presentes ou até novas lesões (p<0,05).