Resumo

O treinamento concorrente tem por finalidade gerar concomitantemente adaptações neuromusculares e cardiovasculares. Entretanto, no melhor do nosso conhecimento, são poucos estudos que investigaram a influência de uma sessão de treino de força sobre parâmetros biomecânicos da corrida. A hipótese do presente estudo é que o treino de força influencia parâmetros biomecânicos da corrida. Desta forma, o objetivo deste estudo foi investigar as alterações nos parâmetros biomecânicos da corrida realizada após uma sessão de treino de força para membros inferiores. Foram avaliados 24 voluntários, praticantes de musculação, do sexo masculino (Idade: 29,2 ± 5,0 anos; Altura: 1,76 ± 0,04 m; Massa corporal: 86,7 ± 11,1 Kg), que utilizavam a corrida em esteira como parte de seu programa de treinamento. Os participantes foram submetidos a duas sessões experimentais: Sessão Corrida (corrida de 20 minutos) e Sessão Treinamento Concorrente (corrida de 20 minutos após uma sessão de treino de força para membros inferiores). Com uma carga entre 8 a 12 RM, os participantes realizaram os seguintes exercícios: agachamento livre, levantamento terra, Leg Press 45º e flexão plantar no Leg Press 45º. Foram realizadas 3 séries de cada exercício, com 3 minutos de intervalo entre as séries e 5 minutos entre os exercícios. A corrida foi realizada em velocidade autosselecionada (8,9 ± 1,4 km/h), previamente medida. Os parâmetros biomecânicos foram coletados, nas duas sessões experimentais, no quinto e no vigésimo minuto. Foram analisadas variáveis da força de reação do solo (FRS); variáveis espaço-temporais; cinemática angular de quadril, joelho e tornozelo; atividade eletromiográfica do reto femoral (RF), vasto lateral (VL), tibial anterior (TA), cabeça longa do bíceps femoral (BF), gastrocnêmio lateral (GL) e glúteo médio (GME); e a percepção subjetiva de esforço (PSE). O vigésimo minuto de corrida, comparado com o quinto, apresentou diminuição da frequência de passada (p=0,010; η2=0,69%), aumento do tempo de balanço (p=0,011; η2=1,32%), aumento da máxima flexão do joelho no apoio (p=0,026; η20,41%), aumento da variação angular do joelho no apoio (p=0,020; η2=0,47%) e redução da atividade eletromiográfica de VL (p=0,004; η2=0,66%), TA (p=0,009; η2=1,61%), GL (p=0,013; η2=0,40%) e GM (p=0,012; η2=2,48%) na fase de balanço da corrida. Na corrida após a sessão do treino de força verificou-se um aumento da frequência de passada (p=0,007; η2=1,18%), redução do tempo de balanço (p=0,010; η2=1,52%), redução da máxima flexão do joelho no apoio (p=0,009; η2=2,06%), redução da variação angular do joelho no apoio (p=0,001; η2=2,77%), redução do 1º pico (p=0,027; η2=1,05%) da FRS e do tempo para o atingir (p=0,005; η2=3,58), aumento do impulso nos 50 ms (p=0,003; η2=0,92%), aumento da taxa de desenvolvimento de força (p=0,002; η2=0,82%) e aumento da atividade eletromiográfica de VL e RF durante o apoio (p=0,043; η2=0,72%; p=0,003; η2=4,94%). Os resultados indicam que uma sessão de treino de força influencia as características biomecânicas da corrida subsequente, no entanto, parece não afetar de forma expressiva a eficiência e segurança desse movimento.

Acessar Arquivo