Resumo

A literatura disponível sobre treinamento de equilíbrio unipodal em idosos é escassa. Apesar da grande relevância deste tema, poucas investigações analisaram os efeitos de treinar equilíbrio corporal apoiado apenas sobre uma perna em pessoas idosas. Dada a maior demanda de equilíbrio e complexidade neuromotora envolvida em se manter nesta postura de base reduzida, o treinamento de equilíbrio unipodal tem potencial para desencadear efeitos positivos no controle do equilíbrio de idosos. Para tanto, conduzimos uma revisão sistematizada da literatura com o objetivo de compilar os resultados, descrever os métodos utilizados, e avançar o conhecimento relacionado a esta forma de treinamento. Os achados desta revisão mostraram que intervenções que acumulam de 10 a 390 min. em postura unipodal são capazes de promover ganhos significativos no controle do equilíbrio. Porém, nenhum estudo revisado apresentou um controle positivo, ou seja, um grupo de treinamento de equilíbrio que realizasse exercícios equivalentes, porém com menor demanda de equilíbrio. O estudo experimental desenvolvido na presente tese preenche esta lacuna, ao comparar os efeitos do treinamento de equilíbrio dinâmico unipodal vs. bipodal em idosos saudáveis. Para isso, 66 idosos (60 a 80 anos) foram selecionados e divididos em três grupos: treino unipodal (n = 22, 4 homens); treino bipodal (n = 22; 5 homens) e grupo controle sem treinamento (n = 22; 6 homens). Os participantes foram avaliados antes e após 12 semanas de intervenção nas seguintes tarefas: a) equilíbrio dinâmico e reativo, por meio de deslocamento cíclico/contínuo e único/inesperado da base de suporte (plataforma de força), respectivamente; b) cognição, por meio do teste trail-making para atenção e Rey auditory verbal learning para memória; e c) força de membros inferiores, por meio do teste de sentar e levantar por 30 s. Os resultados mostraram que, tanto nos testes de equilíbrio dinâmico e reativo quanto nos testes cognitivos os três grupos melhoraram do pré- para o pós-teste de maneira equivalente. É possível que a simples exposição às perturbações causadas pela movimentação da base de suporte no préteste seja capaz de induzir adaptações persistentes no controle do equilíbrio, equivalentes àquelas desencadeadas pelo treinamento. Os ganhos de força foram observados apenas nos grupos de treinamento, porém de maneira semelhante entre eles. Estes resultados sugerem que treinar equilíbrio de maneira unipodal ou bipodal produz desfechos semelhantes no controle do equilíbrio, força e cognição de idosos, conforme avaliado nos testes descritos. Este achado tem grande relevância para a prescrição do treinamento de equilíbrio em idosos, de maneira que, desde que as atividades sejam realizadas de forma dinâmica e desafiadora conforme a capacidade do indivíduo, treinar de maneira uni- ou bipodal tem o potencial de promover resultados equivalentes.

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