Editora FUNARTE. Brasil None. 524 páginas.

Sobre

A imagem comumente aliada ao circo é a de uma lona redonda e colorida, muitas vezes puída pelo uso e pelo tempo, erguida nalgum lugar perdido na periferia das grandes cidades. Pelo menos foi essa a imagem fixada no imaginário de nossa cultura. Dela decorre que o circo é algo pobre, precário, à beira da extinção – como indica a melancólica nostalgia dos filmes de Fellini. E se descobríssemos que entre os séculos XIX e XX no Brasil, a linguagem circense arrastou multidões nas principais metrópoles e cidades interioranas, irradiando-se em incontáveis lonas erguidas em cada cidade e povoado brasileiros? Se soubéssemos que o circo era frequentado por gente do povo, por nobres e fazendeiros e mesmo pela família imperial, em sessões assistidas por duas, três e até seis mil pessoas? E se nos dissessem que os artistas circenses eram todos letrados numa época em que a taxa de analfabetismo no Brasil atingia mais de 80% da população? Saberíamos que os circenses foram e são e empreendedores, donos de refinadas técnicas artísticas e de um modelo de transmissão de saberes altamente eficiente. Que construíram uma linguagem polifônica e polissêmica, responsável pela disseminação de inovações técnicas como o disco e o rádio, bem como de outras linguagens artísticas como a música popular e a erudita, o teatro e a dança. A lista de informações sobre a importância do circo no desenvolvimento da cultura brasileira é interminável.

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