Integra

INTRODUÇÃO:

Defende-se Cultura Corporal como o desígnio de toda parcela da cultura universal que envolve o exercício físico humano, como a Educação Física: jogos, lutas, danças, esportes e ginásticas; o treinamento desportivo; a recreação físico-ativa, etc. As atividades dessa Cultura Corporal têm estado em evidência na realidade social atual, pois não se ouve falar de saúde e qualidade de vida sem falar da prática regular de atividade física. O presente trabalho tem por objetivo entender os pontos em comum entre as Manifestações Populares do Maranhão e a Educação Física, no intuito de adaptar elementos da Cultura Local para o ensino formal da Educação Física contribuindo para a perpetuação da Cultura Maranhense. Cabendo aos professores de Educação Física o papel de serem educadores em todas as situações, identificando nas atividades da Cultura Corporal estratégias privilegiadas de associativismo, desenvolvimento biopsicossocial, proporcionando a seus alunos melhor conhecimento e aceitação de si mesmos, aperfeiçoando-os e introduzindo-os no processo de autonomia física. E com o receio de que a Educação Física venha se tornar mera repetição de movimentos tecnicistas e adestrados, outrora advindos de um processo de mundialização das culturas, entregues a toda incerteza de sua real potencialidade educacional, que se propõe ir neste trabalho, um pouco além do trivial, em busca de novas possibilidades que venham fazer da Educação Física um ramo científico cada vez mais íntegro à sua cultura.

METODOLOGIA:

Optou-se por uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Os sujeitos observados foram os indivíduos envolvidos direta e indiretamente com as Manifestações Populares. O cenário da pesquisa foi o próprio local das apresentações, ao ar livre, em terreiros, clubes, sedes de associações, igrejas, praças, ruas, bairros, cidades do interior e na capital, além da leitura de fotografias que eram feitas sobre os eventos realizados. No período entre os anos de 2002 e 2004 realizou-se: formação do banco de dados através de pesquisas nas bibliotecas locais, centros de cultura, web sites, nos cenários e com os sujeitos da pesquisa; coleta de dados após pré-teste e revisão, através da observação direta, participativa e com questionamentos complementares feitos a grupos de integrantes das Manifestações Populares; as 47 categorias de análise registradas na coleta de dados foram tratadas através do método indutivo-científico, por partir de dados particulares, suficientemente constatados, inferindo-se uma verdade geral ou universal, conduzindo a conclusões apenas prováveis, com o fim de se perceber as regularidades existentes nessas Manifestações Populares e suas possibilidades de transposição didática para o ensino da Educação Física Escolar. Daí ainda se propõe à necessidade de uma pesquisa experimental para satisfação também às Ciências Factuais Naturais.

RESULTADOS:

Os resultados da pesquisa levam a compreensão do homem maranhense sob a ótica de que, muito do seu comportamento foi construído ao longo de sua história, por influências do europeu, do negro, do índio e dos mestiços associados às condições políticas, econômicas, religiosas, sociais e culturais que permeavam cada época. A maneira de ser dos sujeitos da pesquisa revela e diferencia sua expressão corporal, que apesar da exigência física ocorre de forma tão particular, natural e espontânea que atribuem aos mesmos o caráter cultural.

O companheirismo, a sociabilidade, a ludicidade, o improviso, a doação, o emprego de esforço físico, de competência técnica, a organização dos cenários, das indumentárias, o preparo de comidas típicas, etc., associam um misto de motivação e desenvolvimento de habilidades neuromotas e psicocomportamentais que superam os limites individuais e reforçam a possibilidade de inclusão das Manifestações Populares no ensino da Educação Física pela identificação cultural com as mesmas. A pesquisa revelou que em maior parte as Manifestações Populares são disseminadas pela tradição oral, daí ser maciça a participação de várias classes sociais, sem distinção nas cidades do interior e bem notada na capital pela organização de dominação elitizada e outrora pelas classes menos abastadas. Fato este que faz das Manifestações Populares do Maranhão um acontecimento globalizado reforçando a possibilidade de inclusão anteriormente referida.

CONCLUSÕES:

Se os homens flexionam, estendem, rodam, circundam, etc., bem ou mal, isso não importa, serão sempre movimentos humanos, agora se o fazem com sentido cultural, são Manifestações Populares. A intenção deste trabalho é introduzir na Educação Física o componente cultural como o diferencial, ou seja, a característica para a existência do homem é sua cultura, a que produz e que ele dá significado. A petulância em instigar uma nova concepção de Educação Física bem mais voltada para uma visão holística, defendida aqui a identidade cultural, não questiona o conhecimento e os métodos aplicados nas aulas de Educação Física, mas pondera as concepções de homem no intuito de despertar o Profissional de Educação Física do Maranhão para um amplo campo de estudo que pode ser incorporado a sua docência diária, englobando um maior leque de paradigmas, buscando assim uma atuação mais envolvente com as dimensões humanas.

A sugestão final incorpora o posicionamento do autor em relação à Cultura Corporal como elo entre as Manifestações Populares do Maranhão e a Educação Física, tornando evidente a percepção de elementos dos domínios psicomotores, cognitivos e afetivo-sociais, e conduzindo este autor a achar de bom alvitre que as IES, criem núcleos de estudos das Manifestações Populares do Maranhão, na perspectiva de elucidar os aspectos positivos e os meios de aplicação de seus elementos no processo formal de educação.