Valores democráticos nos Jogos Olímpicos da Juventude
Por André Almeida Cunha Arantes (Autor), Rafael Campos Veloso (Autor), Katia Rubio (Autor).
Resumo
Nos primórdios da criação dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, Pierre Freddy, o Barão de Coubertin, idealizou um evento com perspectiva humanística que ajudasse o ser humano a buscar o melhor de si. A preocupação com o caráter educativo da juventude já era evidente nos discursos de Coubertin. No entanto, demorou pouco mais de um século para que um evento olímpico para a juventude fosse criado, os Jogos Olímpicos da Juventude, que começaram em Cingapura em 2010. O objetivo desta pesquisa foi verificar a presença de valores democráticos nos programas educacionais e culturais oferecidos pelos Jogos Olímpicos da Juventude de 2010 a 2022. O método de pesquisa utilizado foi a pesquisa documental. Foram acessados o site e a biblioteca do Centro de Estudos Olímpicos do Comitê Olímpico Internacional, responsável por este evento. Para análise e interpretação, foi realizada uma leitura exploratória dos documentos oficiais do evento. Os pesquisadores identificaram atividades que se alinham aos valores democráticos, determinados com base na Constituição Federal de 1988 e agrupados segundo diferentes dimensões, dentro dos programas educacionais e culturais. Apesar disso, eles ressaltam a necessidade de reforçar atividades orientadas por valores democráticos nos programas educacionais e culturais dos jogos. Para isso, é essencial que o organizador do evento — o COI — reverta o declínio do espaço destinado aos valores democráticos observado nos últimos anos, bem como incorpore aspectos que têm sido pouco abordados ou ainda não incluídos, como questões relacionadas à paz, à liderança dos atletas, ao combate ao racismo e ao reforço do respeito à soberania popular.
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