Resumo
O presente estudo propôs-se a testar a hipótese de variabilidade de prática da Teoria de Esquema (SCHIMIDT, 1975a), utilizando uma tarefa de impulsão de um implemento circular com o dedo indicador, em um aparelho especialmente elaborado para essa pesquisa. A variação da prática foi produzida através da manipulação de duas variáveis, (a) distância do alvo e (b) ângulo de impulsão do implemento. A amostra foi extraída de uma população composta por estudantes do Curso de Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria, no segundo semestre do ano de 1987, sendo que todos foram voluntários. Essa amostra foi distribuída em quatro grupos experimentais: (a) sem variabilidade de prática, (b) variabilidade de alvo, (c) variabilidade de distância, e (d) variabilidade de dupla. Esses grupos, após a etapa de prática, foram submetidos a uma situação de transferência de aprendizagem intra-tarefa, onde tiveram que executar mais cinco novas tentativas de uma distância maior do que aquela(s) praticada(s), com o objetivo de atingir os três alvos já experimentados durante a prática e mais dois alvos laterais que foram incluídos na situação de teste. A análise dos resultados não forneceu sustentação para a hipótese de variabilidade de prática, pois os grupos de prática variada não alcançaram um nível de desempenho significativamente superior ao do grupo de prática constante, e o grupo de máxima variabilidade de prática obteve uma superioridade significativa somente na primeira tentativa e apenas em relação ao grupo de variabilidade de distância, que possui o pior desempenho na tarefa de transferência. A hipótese relativa à equivalência do desempenho na tarefa de transferência dos grupos que variaram apenas um parâmetro foi parcialmente rejeitada, pois o grupo de variabilidade de alvo apresentou um erro absoluto médio significativamente inferior ao do grupo de variabilidade de distância, porém somente na primeira tentativa. A comparação do desempenho de ambos os sexos mostrou um desempenho significativamente superior dos sujeitos do sexo masculino. De uma forma geral, os resultados obtidos por esse estudo não ofereceram suporte para a hipótese de variabilidade de prática da Teoria de Esquema.