Antes de mais nada, peço desculpas a todos pelo sumiço e silêncio, mas há alguns tempos estamos vivendo situiações para lá de inusitadas em nosso município e que vem exigindo nossa total vigilância.
Nestes meus quase 20 anos de atuação na Educação, a maior parte deles na Rede Pública, nunca vi nada mais indigno do que as atitudes do atual governo de Ipatinga. O desrespeito com a comunidade escolar já vem de longa data – como foi o caso da reforma das escolas em pleno ano letivo, dos kits escolares superfaturados e etc.
Ao longo desse processo, pude perceber o despreparo do atual governo no trato com as questões públicas, enxergando os problemas apenas na dimensão do seu entorno, e dos interesses particulares dos que lhe estão próximos, ou seja, da política em sua pior acepção.
Sua dificuldade em colocar-se no lugar do outro, buscando um genuíno entendimento, vem comprometendo o debate e, consequentemente, as negociações. Entrincheirado no seu incipiente conhecimento da gestão pública, subestimou a competência de nosso sindicato, supondo que a manipulação de números passaria despercebida. Precisou voltar atrás quando o sindicato propôs uma consulta ao Tribunal de Contas.
Subestimou, também, a determinação de nossa categoria, supondo que o corte do pagamento de férias, do recesso e dos dias parados poria fim ao movimento. Entretanto, a adesão à greve aumentou. Subestimou, ainda, a inteligência dos servidores municipais, supondo que ignorar o Sind-UTE na negociação do reajuste salarial o desatrelaria da construção do índice apresentado pela Prefeitura ao Sintserpi.
Ou seja, não se trata, apenas, de não perceber a gravidade da situação mas de interferir na direção de piorá-la.
Ao dispensar a participação dos representantes dos pais de alunos, supondo que estariam sendo manipulados por nós, professores, ofende a todos eles não apenas por duvidar de sua autonomia e capacidade de discernimento, mas, acima de tudo por se esquecer que eles são parte interessada na questão. Mais ainda, que têm participado nas negociações com toda boa vontade para resolver um impasse criado única e exclusivamente pela administração municipal.
Pior, ao invés de negociar conosco e buscar um meio-termo para chegarmos a um acordo, a Prefeitura de Ipatinga preferiu contratar outros professores para assumir nossas aulas. De uma forma sumária e irresponsável, considerando que, a partir desta semana, os alunos estarão sob os cuidados de pessoas que, além de não possuírem a qualificação e a experiência dos que irão substituir, não foram submetidas a uma avaliação médica e tampouco a um treinamento mínimo.
Todos os que me acompanham aqui no CEV ou através do meu blog Degodim conhecem meu trabalho, minha seriedade e minha responsabilidade e entenderão perfeitamente por que eu, seguindo as deliberações da assembléia da categoria, não retornei às aulas e não o farei enquanto não for firmado um acordo.
Acredito na educação pública com tamanha intensidade que foi a ela que me dediquei de corpo e alma e farei o que estiver ao meu alcance para garantir sua qualidade. No momento, isso significa lutar para que os interesses dos empresários da educação não desmontem o que construímos com nosso incansável empenho profissional na rede municipal de Ipatinga.
Apesar da enorme saudade das crianças e da inquietude por ver nossos projetos pedagógicos suspensos, não posso dar outro exemplo de vida a elas do que firmeza, perseverança, determinação e, acima de tudo, dignidade pessoal e profissional.
Nesse momento, é necessário que todos os cidadãos de bem sejam um pouco professores para ensinar a essa administração a quem o serviço público deve atender. Ou ainda, a não confundir apoio com submissão ou solidariedade com troca de interesses.
Não somos apenas nós, mas um país inteiro afirmando que a Educação de qualidade é um assunto da mais alta importância para construirmos o futuro desta nação. Está escrito em toda parte: a valorização dos professores é determinante para melhorar a qualidade da educação no Brasil.
Eu não tenho nenhuma dúvida quanto a isso.
Aos que se solidarizarem com o que estamos vivendo, peço que enviem seu protesto ao Procurador do Município, Heyder Torre [ proger@ipatinga.mg.gov.br ] , e ao Secretário de Educação, Maurício Mayrink, [ educacao@ipatinga.mg.gov.br ].
Agradeço o apoio.
Comentários
Por
Cláudia Bergo
em 9 de Agosto de 2011 às 00:47.
Acabo de retornar de uma assembleia que aprovou o acordo firmado entre nosso Sindicato e a PMI no final da tarde de hoje. Amanhã retornamos às escolas. Agradeço o apoio de todos.
Por
Laercio Elias Pereira
em 8 de Agosto de 2011 às 09:21.
Opa, Claudia,
Bem (re)vinda. Vamos fazer uma campanha no http://www.avaaz.org/po/ ? Laércio
Por
Cláudia Bergo
em 8 de Agosto de 2011 às 10:26.
Acho uma excelente ideia.
Só não sei os passos para isso.
Por
Luiz Roberto Nuñes Padilla
em 8 de Agosto de 2011 às 15:31.
A Idéia de uma campanha no http://www.avaaz.org/po/ do prezado Laércio é ótima.
Não tenho dúvidas a respeito dos interesses em desmanchar o ensino.
As inteligências egocêntricas, que consistem em cerca de 1% da população, dominaram a sociedade atraves da manipulação de inocentes úteis. Habilidosos, desde cedo aprendem a identificar as crenças e valores das pessoas e as manipulam.
Jogam uns contra os outros, semeiam discórdia, inveja, num sistema egocentrico, ambiente no qual sociopatolobistas se disfarçam.
Eloqüentes, charmosos, capazes de impressionar e de cativar rapidamente, assumem liderança em agrupamentos sociais porque - apesar de insensíveis e frios, são calculistas e capazes de mentiras inteligentes possuindo "brutal capacidade de manipulação e nenhum sentimento de culpa ao fazer isto".
Sociopatolobistas não sofrem delírios - pelo contrário, são extremamente lúcidos. Não perdem tempo nem energia com juízos de valor e agem rapidamente, tudo fazendo para satisfazer os seus desejos mais mesquinhos e egocêntricos. Não tem qualquer remorso, mesmo se impuserem aos outros todo o tipo de sofrimento...
Inteligentes, são capazes de falsamente demonstrar sentimentos altruístas que não possuem.
Aprendem a cuidar seus comportamentos, sempre educados, porque estudam seus gestos, para conquistar simpatia.
Essas inteligências egoistas (repito) são 1 % da população mundial!
Usam boatos, bullying e outras estratégias de assédio moral para desmanchar potenciais adversários.
Como ninguém é perfeito, todo ser humano comete erros, eles, contudo, fingem ser perfeitos e limpam o caminho destruindo as verdadeiras lideranças.
Isso os permite ascender livremente como “líderes” dos grupos que participam.
Lideranças éticas são destruídas por sociopatas, esses 1% da população c/inteligência egocêntrica, e incapazes de juízo de valor. Escondem os próprios erros. Usam “inocentes úteis”, isto é, pessoas que manipulam. Flagrados, colocam a culpa em outros. Camuflam as vantagens obtidas e fingem nada terem feito de errado. Agem sem qualquer remorso. Contudo, a pessoa ética, assume seus erros!
Friamente escondem o que fazem e ainda usam de vários mecanismos para jogar a culpa em outros.
Então, a crença de que a felicidade seja um "direito" é um dos mais importantes componentes desse sistema de crenças disseminado pelos sociopatolobistas da acultura da superficialidade egocêntrica.
Tal crença falsa da felicidade ser "um direito" destrói a relação de pais e filhos.
A conscientização é, em minha percepção, a única arma eficaz para combater a acultura da superficialidade egocêntrica que, em outras palavras, é nada mais do que um conjunto de crenças e valores, como a de que a felicidade é um direito.
Quem acredita que felicidade é algo que se conquista, sabe dar valor ao trabalho.
Quem acredita que felicidade é um direito, fica brabo quando quer algo e faz qualquer coisa para atingir seus objetivos.
Juridicamente, um direito é algo importante, tanto que podemos exercer a "LEGITIMA DEFESA" de um direito.
Estamos falando de algo que pode ter proporções dantestas.
Não faz muito, a "LEGITIMA DEFESA" da honra era aceito como justificativa para absolver maridos que, supostamente traídos, assassinavam (em geral brutalmente) as esposas.
Quem acredita que ser feliz é um direito, age sem limites, porque qualquer atitude de busca da felicidade é uma "LEGITIMA DEFESA" de um (pretenso) direito.
Isso é o tipo de crença espalhada por sociopatas, porque facilita os objetivos deles, de deminarem a sociedade:
Veja a inversão de valores, do professor - o qual antes estimulava os alunos a pensar - deve se limitar a mero reprodutor de padrões de consumo insanos de pseudoreflexão, açodada e superficial.
Postei dois infográficos demonstrando o interesse econômico das copororações em que tenhamos pouca cultura em
http://blogln.ning.com/forum/topics/cultura-da-superficialidade-e/
E reitero ser ótima a Iéia do Laércio.
Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.