Para estudar as relações entre a corporeidade e a educação fora do âmbito filosófico, sugerimos trazer situações concretas dos nossos laboratórios vivenciais. Podemos utilizar a fenomenologia, a etnografia, a autobiografia entre outras abordagens de pesquisa.

Comentários

Por Eugenia Trigo
em 21 de Julho de 2009 às 12:03.

Colegas e amigos da corporeidade, qué entendemos por CORPOREIDADE? quales som os nossos referentes?

Quales as nossas vivencias? que podemos dizer de nos propios? e do mundo em que vivemos?

Uma salutacao a todos vcs.

Eugenia

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 21 de Julho de 2009 às 18:30.

Eugenia e demais participantes,

O meu encontro com a corporeidade foi propiciado pela Bioenergética, Yoga, Meditação e outras práticas corporais que envolvem o sentir de si mesmo como algo pulsante, algo que se expande para além do corpo...Algo que nos faz sentir em harmonia com o mundo. Compreendo a corporeidade com este sentido mais ampliado que revela as nossas verdadeiras emoções e sentimentos, mesmo quando queremos disfarçá-las...Penetrar nas profundezas da corporeidade é penetrar na alma humana. Muitos são os caminhos de chegada como, igualmente, muitos são os caminhos a seguir...Hoje, creio que fazer um encontro entre Freud e um Jung seria fecundar novas teorias sobre a corporeidade...

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 25 de Julho de 2009 às 15:33.

Nossos laboratórios vivenciais!

 

Para aprofundarmos os nossos estudos sobre a corporeidade, precisamos ampliar os nossos registros sobre estudos de caso. Teremos que contar necessariamente com as abordagens biográficas, etnográficas, fenomenológicas, além de inúmeras técnicas para a construção dos dados da realidade investigada. Gostaríamos de sugerir dois clássicos da literatura terapêutica, um de orientação rogeriana e outro de orientação psicanalítica, para resgatá-los de uma forma ou de outra, no sentido de contribuir para o diálogo sobre o trabalho corporal individualizado.

 

Primeiro, “Dibs em busca de si mesmo” de Virginia Axline. Do prólogo da obra destacamos: “Dibs experimentou profundamente o processo complexo de crescimento na busca do precioso presente da vida, curando-se a si próprio pelos raios de sol de suas esperanças e pelas chuvas de suas mágoas. Vagarosamente, e, por tentativas multifacetadas, Dibs descobriu que a segurança do seu mundo não estava centralizada no contexto circunstancial, mas que o núcleo estabilizador que ele procurava com tal intensidade tinha profundas raízes dentro de si mesmo”.

 

Segundo, “Bruno: Psicomotricidade e terapia” de Bernard Aucouturier e André Lapierre. Sobre o passado de Bruno, afirmam os autores: “Bruno tem sete anos e meio. [...] Já tem atrás de si um longo passado, cuja culminância é o seu estado atual. Bruno não fala. Foi unicamente através dos dizeres dos pais e, sobretudo, da mãe que conseguimos reconstruir a sua história. É necessário que tentemos, através da subjetividade da narração, desemaranhar os fatos objetivos e o modo pelo qual os pais os vivenciaram, podendo este último aspecto ser tão importante para criança quanto o primeiro. [...] O que se encontra bloqueado em Bruno é o ‘agir’. Sem ‘agir’ não pode estabelecer-se uma comunicação, necessitando esta de uma troca dialética entre dois agires que se respondam mutuamente”

Por João Batista Freire
em 27 de Julho de 2009 às 11:19.

Kátia: não vou entrar nessa discussão, mas lembrar uma coisa: creio que, em meses, ou anos, discussões como esta, desta comunidade, bem como de outras, comporão um acervo valiosíssimo para a Educação Física brasileira. Lembro àqueles que julgam que produção de conhecimentos deve ser feita exclusivamente dentro de laboratórios acadêmicos, e em série, que novas formas de produção estão surgindo. As comunidades do CEV são, talvez, o melhor exemplo disso na Educação Física brasileira. Aqui pessoas podem produzir em liberdade. Duvido ser possível produzir boa ciência sem liberdade. Acho que o conhecimento humano é produzido, mais que nunca, em duas ocasiões privilegiadas: ou no desespero, ou na liberdade (quando então o jogo participa como motor).

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 27 de Julho de 2009 às 14:14.

Sobre os Laboratórios Vivenciais:

São inúmeras as possibilidades de laboratórios vivenciais! A sua sala de aula, a praça do lado da sua casa, a área livre do seu condomínio, entre outras. O problema da adesão às novas abordagens metodológicas é que a maioria dos pesquisadores iniciantes não têm o domínio das noções básicas de pesquisa. Por exemplo, produzir bons textos descritivos, narrativos e dissertativos não é para qualquer mestrando ou doutorando... Por isso, que estou propondo uma atenção especial nos estudos de caso, se quisermos ir mais fundo nos processos da emocionalidade humana, da corporeidade. Antes de tudo, é preciso paixão. Muita paixão!

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Julho de 2009 às 18:02.

Estou de volta...

Minha Mestra, meu laboratorio éminha sala de aula. Tenho brigado estes anos todos, de que a sala de aula do professor de educação fisica é uma swala especial, um laboratorio. Sempre coloquei que cada aluno deve ser tratado individualmente, com as suas necessidades. Dai, talvfes, ter optado pelo Atletismo... Mas depois do laercio e o Listello, passei a pensar no coletivo indivualizado... os clubes... as experiencias/vicencias de cada um, compartilhadas com o grupo a que pertence - pertencimento...

Semprecpoloquei a meus alunos de Atletismo que o espo9rte é individual, mas o que realmente impo9rta, é o conjunto. Os 30 e poucos atletas que forma uma "equipe". Cada um tem a sua caracteristica, mas a soma dessas caracteristicas forma um conjunto e somente seremos canmpeoes a medida que superamos nossas dificuldades - no caso, nossa marca individual, mas sempre prensando no conjunto.

Aprendi, com o passar dos anos, que o importante não era a cofrrida, mas o correr; o salto, mas o saltar, o arremsso, mas o arremessar... ser campeão, ganhar medalha, é acidente de percurso.

Cheguei ao ponto de meus alunos - e eu - praticarmos o atletismo pelo puro prazer... de correr, de saltar, de lançar, de participar, de compartilhar... muitos de meus ex-atletas, hoje, são professores... e vivem e compreendem ’o9 corpo’, como funciona, como aperfeiço9ar o movimento... movimento... ludica e mpovimento... volto aos Rankakomecrás do Escalvado - os Kanelas, á corrida de toras, às regras dos bisavós... prazer, paixão... o ser... 

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 31 de Julho de 2009 às 20:29.

Sobre a pesquisa nos nossos laboratórios vivenciais:

Pretendemos chamar atenção para as singularidades humanas que necessitam de uma observação mais atenta da nossa parte. Quando trabalhamos com grupos, temos infinitas possibilidades para identificar singularidades que merecem o nosso olhar mais pormenorizado.

Entre 1982 e 1983, orientamos uma pesquisa como requisito para a conclusão do curso de Especialização em Lazer na Universidade Gama Filho/RJ, que foi realizada numa instituição para idosos em Recife/PE. Na época, os principais referenciais disponíveis e utilizados foram da Psicologia Humanista, da Psicomotricidade, da Bioenergética, da Antiginástica. Inicialmente, a proposta era fazer uma intervenção sociocultural para a implantação de um programa recreativo para os idosos institucionalizados. Surpreendentemente, um caso chamou a atenção da pesquisadora. Então, com a autorização da equipe técnica multidisciplinar, a pesquisadora ampliou a carga horária da sua intervenção para poder fazer o atendimento individualizado concomitante. Era um caso de esquizofrenia considerado inviável para qualquer tipo de terapia adotada na referida instituição. O trabalho sociocultural com o grupo e com o caso em questão durou 4 meses, de março a junho de 1983. Tal como foi  surpreendente o início, igualmente surpreendente foram os resultados que se evidenciaram durante os festejos juninos daquele ano. A principal referência teórica e metodológica utilizada foi Bruno de Aucouturier e Lapierre. O caso foi fartamente documentado, sendo apresentado como parte constitutiva da referida monografia de conclusão de curso de Especialização em Lazer. Quase 20 anos depois, em 2002, este caso foi reinterpretado pela própria pesquisadora na sua Tese de Doutorado no âmbito da Ciência da Motricidade Humana.

 

Trago este exemplo para mostrar a necessidade e a relevância de termos casos bem documentados, pois poderão ser utilizados em vários momentos pelo mesmo pesquisador ou também por pesquisadores diferentes. Na situação analisada, somente com a construção de um referencial teórico mais sólido foi possível apresentar novas contribuições para as áreas de conhecimento que trabalham com o corpo e práticas corporais no âmbito da Gerontologia Social.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 8 de Agosto de 2009 às 21:19.

Estamos iniciando mais um Ateliê de Pesquisa sobre "Abordagens Metodológicas para Corporalizar a Educação" e o Seminário "Corporeidade e Expressividade" no nosso Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN. Além do nosso espaço virtual aqui no CEV e na UNIFREIRE, criamos alguns blogs específicos para propiciar a discussão a partir das imagens produzidas nas nossas vivências com os saberes da autonomia de Paulo Freire e com o Jogo de Areia. Vamos investir nesse diálogo vivencial e virtual. Talvez seja um modo transcultural adequado para expandir em rede as nossas construções transdisciplinares em diferentes territórios e territorialidades.

Por Maria das Dôres da Silva Timóteo da Câmara
em 9 de Agosto de 2009 às 17:26.

  O ateliê da Corporeidade é um espaço sinestético que nos faz repensar a educação e nossa formação como educadores e educadoras. A experiência deste ateliê nos proporciona um mergulho profundo nálma nos encaminhando para a reconstrução de um mundo melhor, mais humanescente e justo.

Neste ateliê somos aranhas fiandeiras que derramamos néctar para atrair nossos na intenção de vivenciar uma escola viva, produtiva e alegre. Nesta escola os aprendizados se constroem mutuamnente ao sabor do amor e da poesia. A corporeidade é um caminho deliciante que nos envolve mostrando que é possivel constrirmos uma Escola séria e prazerosa. Os fios que nós, aranhas fiandeiras,  estamos fiando, são fios coloridos. Temos a certeza de que vamos seduzir nossos alunos e levá-los ao êxtase do conhecimento. 

Dorinha Timóteo

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 9 de Agosto de 2009 às 19:08.

Cada vez mais estou convencida que sem a autoformação humanescente não há Pedagogia Vivencial Humanescente... Esta é uma lição que vem da formação do Psicanalista. Diferente da formação acadêmica de educadores e psicológos, as Sociedades de Psicanálise de todas as escolas exigem a formação humana do profissional através da análise prévia e sua formação continuada também. Aos educadores e, principalmente, àqueles que trabalham mais diretamente com as emoções e sentimentos deveria ser propiciada tal formação concomitante. Precisamos do alimento poiético para poder florescer com mais beleza nos espaços educativos e terapêuticos. Acredito que este movimento tende a se expandir pela força da sua luminescência...

Por Ana Lucia de Araújo
em 31 de Agosto de 2009 às 08:35.

Comecei a corporalizar minhas vivencias pedagógicas a partir de um problema de saúde e, recomecei minha história no laboratório que estou até hoje depois desse fato. Logo, conheci um pouco da pedagogia Frenetiana, comecei a fazer yoga, e, tudo começou a me inquietar. Tenho a sensação que sou como uma lagarda se remexendo numa areia quente. Muito incomodada com as posturas assumidas diante da vida. Como podemos desperdiçar tanta energia? Como deixamos a vida nos levar para lugar nenhum? 

Eu já passei
Por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida
Espero ainda a minha vez[...]
Mas meu coração é nobre... Composição: Serginho Meriti

Esse trecho desse poema resume o que entendi por corporeidade, educação, vivenciar, humanescer: Deixa a vida me levar. A vida só é boa vida quando viva nas alegrias e nos momentos não tão felizes.


Por Aurea Emilia da Silva Pinto
em 11 de Setembro de 2009 às 00:44.

Oi Eugênia, entendo a Corporeidade como uma prática capaz de valorizar o conhecimento, as vivências e experiências que ocorrem ao longo da vida das pessoas; Assmann (2004) realça:“[...] é o foco irradiante primeiro e principal de critérios educacionais”.  Desta forma, contribui com o processo de transformação e qualificação do educador tão necessária na contemporaneidade. Com o objetivo de aprofundar os saberes necessários às práticas educativas retornei com grande alegria aos estudos e vivências na Base de Pesquisa Corporeidade, Ludicidade e Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Neste ambiente vivencial abri mais intensamente o coração para a reflexividade, para o sentirpensar, para a ludopoiese, aprendi a fazer da vida uma obra de arte. A perspectiva é muito grande; olhar para o caminho percorrido, através do processo de investigação, beber nas fontes da educação pela via da corporeidade e da ludicidade é fascimante e envolvente. Tenho convicção que com a ajuda dos fios da reflexividade, alicerçada na corporeidade, certamente teceremos os saberes humanescentes, como tão bem nos orienta e ensina a Prof. Katia Brandão. Luzes!

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 11 de Setembro de 2009 às 08:04.

A PVH como estratégia para reencantar o cuidado

 

Pessoal,

Estou Secretária Municipal de Saúde da cidade do Natal e tenho orgulho de ter sido orientanda da professora Katia Brandão na linha de pesquisa corporeidade e educação da UFRN. Estamos vivenciando a Pedagogia Vivencial Humanescente (PVH) em todos os nossos espaços. Pretendo transformar a SMS em um grande laboratório vivencial e expandir a teia para nosso universo do cuidado. Ontem mesmo fiz uma exposição dialogada para os profissionais do Projeto "Saúde na Escola" do município em parceria com os Ministérios da Educação e da Saúde sobre a PVH como estratégia para reencantar o cuidado. Amanhã, teremos um outro Workshop com os servidores da rede.  BEIJOS LUMINESCENTES!

Ana Tânia Lopes Sampaio (Secretária de Saúde de Natal)

http://redesocial.unifreire.org/pedagogia-vivencial-humanescente

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 17 de Setembro de 2009 às 13:36.

Das nossas memórias, o que podemos dizer? Sobre expressá-las de diferentes modos, como isto nos afeta? Estamos mudando as nossas representações daquilo que foi intensamente vivido? Ressignificar uma emoção, que valor tem isto? É papel da educação trabalhar com coisas tão subjetivas?

Por Maristela de Oliveira Mosca
em 17 de Setembro de 2009 às 13:49.

Somos seres marcados pelo que vivemos e sentimos.

Podemos sim expressar nossas memórias de diferentes maneiras, revelando-as no amor, na compaixão, ou mesmo no egoísmo ou ataques de fúria.

Acredito ser papel da Educação trabalhar com a subjetividade porque ela trabalha com o humano, carregado de suas memórias, afetos, descontentamentos e desejos.

Que possamos nos apaixonar todos os dias na educação...

Por Maria Augusta da Cunha Pimentel
em 17 de Setembro de 2009 às 20:03.

A educação é pautada por tantos caminhos, não poderia ser diferente quando nos referimos a subjetividade no ambiente educacional, por que não?? claro que podemos utilizar, afinal não vivemos sem pensamentos e ações subjetivas, como elas iriam se separar da educação?

Por Juliana Costa Araujo de Medeiros
em 18 de Setembro de 2009 às 06:44.

Ainda sou um ser em adaptação sobre o conhecimento educacional transdisciplinar, mas considero esta oportunidade como um momento de inserção onde já me sinto capaz de intervir no mundo a partir da minha vivência e da minha inconformidade com a realidade.

Acredito que o objetivo da educação não é simplesmente o de efetivar um saber na pessoa, mas seu desenvolvimento como sujeito capaz de atuar no processo em que aprende e de ser parte ativa dos processos de subjetivação associados com sua vida cotidiana. O sujeito se expressa na sua reflexividade crítica ao longo do seu desenvolvimento, em que sentidos subjetivos de diferentes procedências sociais se configuram no processo dialógico do sujeito.

Por Mercia Maria de Oliveira
em 18 de Setembro de 2009 às 16:41.

A memória do vivido se encontra em nossa corporeidade. A maneira como nos expressamos, como nos conduzimos nos gestos que usamos para nos comunicar, tudo isso diz muito do que somos. Observar as nossas representações e ressignificar uma emoção ou uma lembrança marcante é despertar a vida, é renascer, é reviver, é extrair de dentro de nós mesmos o amor, o desejo, o afeto. Eu acredito que  a subjetividade tão valorosa pode e deve sim ser  explorada pela educação pois esse saber energético que se encontra em cada espaço, cada tempo vivenciado e na nossa imaginação, desencadeando conteúdos riquíssimos a serem trabalhados.

Por Márcia Fontoura
em 19 de Setembro de 2009 às 22:22.

Olá! Mércia, concordo com você.Veja, quantas energias são gastas,tempo perdido,momentos naufragados,comunicação sem interpretação quando não conhecemos a nossa corporeidade ou se conhecemos, deixamos sempre para depois.É fundamental pararmos e setirmos nossas energias,a cada momento em cada espaço e desencadearmos esses conteúdos riquíssimos a serem explorados. Um grande abraço. Fontmar.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 29 de Setembro de 2009 às 07:09.

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 2 de Outubro de 2009 às 20:22.

A corporeidade como objeto da educação física

 

No entendimento de ALVES (1997), as ações humanas se manifestam e se expressam corporalmente quando se pensa na multidmensionalidade do sujeito. Volta-se o olhar, em primeiro lugar, para a corporeidade.

 

SANTIN (1987, 1990, 1992, 1996) afirma que a corporeidade, sob o ponto de vista filosófico, não corresponde a um elemento mensurável, mas a uma imagem que construímos na mente. Após consultar dicionários e manuais, conclui que estes são ambíguos ao definir o que seja corporeidade: “a qualidade do ser corpóreo”, ou “aquilo que constitui o corpo como tal”, ou simplesmente,  como “a idéia abstrata do corpo”. Portanto, “a corporeidade seria a propriedade básica que nos garante a compreensão do corpo” (1990, p. 137).

Em sua analise, parte de três atitudes para buscar os aspectos filosóficos da corporeidade:

- uma, ontológica, em que a corporeidade significaria exatamente aquilo que constitui o corpo como tal (1990, p. 137);

- outra, epistemológica, onde a corporeidade é tomada como a concretude espaço-temporal do corpo humano enquanto organismo vivo, a partir das descobertas das ciências experimentais, sendo assumida essa tarefa pela biologia, pela genética, pela anatomia e pela fisiologia (1990, p. 137-138);

- e uma terceira, que chama de fenomenológica, não está preocupada nem em garantir as bases ontológicas, nem construir uma epistemologia objetiva e rigorosa da corporeidade, mas tentar descrever as imagens de corporeidade que o imaginário humano construiu ao longo da história da humanidade, incluídas também as imagens metafísicas e científicas. Ela tenta captar as possíveis implicações culturais, sociais, educacionais, políticas e ideológicas que tais imagens geraram nos indivíduos e na sociedade.

A corporeidade, portanto, sob o ponto de vista dessa atitude, não se constitui num elemento mensurável, ela é apenas a imagem construída na mente a partir da maneira como os corpos são percebidos e vivenciados (1990, p. 138).

Conclui que o importante não é definir corporeidade, mas compreender as diferentes corporeidades que inspiram e determinam o tratamento dos corpos humanos, desenvolvidos pelas culturas humanas, em geral, e pelas atividades da Educação Física, em especial.

Para BRACHT (1992), a materialidade corpórea foi historicamente construída e, portanto, existe uma cultura corporal, resultado de conhecimentos socialmente produzidos e historicamente acumulados pela humanidade. Já PEREIRA (1988) fala de uma cultura física como toda a parcela da cultura universal que envolve exercício físico, como a educação física, a ginástica, o treinamento desportivo, a recreação físico-ativa, a dança, etc. BETTI (1992) lembra que Noronha Feio já se referiu a uma cultura física como parte de uma cultura geral, que contempla as conquistas materiais e espirituais relacionadas com os interesses físico-culturais da sociedade. E KOFES (1985) afirma que o corpo é expressão da cultura, portanto cada cultura vai se expressar através de diferentes corpos, porque se expressa diferentemente enquanto cultura.

 

É na corporeidade que se situa o ponto central de encontro do homem consigo mesmo. Ela é “a presença  e a manifestação do ser humano...”. (SANTIN, apud ALVES, 1997, p. 939). Daí ser a corporeidade a condição primeira para que se reinstaure a presença  do ser humano (ALVES, 1997).

 

ALVES, Vânia de Fátima Noronha. Desvendando os segredos de um “programa de índio”: a linguagem corporal lúdica Maxakali. In CONGRESSO BRASILEIROS DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, X, Goiânia, 20 a 25 de outubro de 1997, p. 938-945. ANAIS... Goiânia : CBCE : UFGO, 1997, vol. II.

BRACHT, Valter. Mas afinal, o que estamos perguntando com a pergunta “o que é Educação Física?”. REVISTA MOVIMENTO, Porto Alegre, 2 (2), julho de 1995, Separata.

SANTIN, Silvino. EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ABORDAGEM FILOSÓFICA DA CORPOREIDADE. Ijuí : Unijuí, 1987.

SANTIN, Silvino. Aspectos filosóficos da corporeidade. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Campinas, 11 (2), janeiro 1990, p. 136-145.

SANTIN, Silvino. EDUCAÇÃO FÍSICA : TEMAS PEDAGÓGICOS. Porto Alegre : Edições EST /     ESEF -UFRGS, 1992

SANTIN, Silvino. Esporte: identidade cultural. COLETÂNEA INDESP - DESPORTO COM IDENTIDADE CULTURAL, Brasília, 1996, p. 13-26.

VIEIRA E CUNHA, Manuel Sérgio. A PRÁTICA E A EDUCAÇÃO FÍSICA. 2ª ed. Lisboa : Compendium, 1982.

GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. Indicações para o estudo do movimento corporal humano da Educação Física a partir da dialética materialista. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 11 (3), 1990, p. 196-200.

(de minha tese de doutorado - não concluido - publicado em Lecturas: Educacion Fisica y Deportes...)

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 3 de Outubro de 2009 às 11:27.

CORPO E CORPOREIDADE

 

Por que é tão difícil transcender questões do corpo para encontrar a corporeidade? No entanto, é preciso compreender que o corpo é o lugar da expressividade da nossa corporeidade. Não é a mesma coisa, mas as relações são bem interligadas... Tanto na Educação como na Educação Física continua sendo muito difícil encontrar trilhas educativas que partem da corporeidade. Corporeidade não pertence ao mundo das abstrações. Embora não seja visível às nossas lentes do cotidiano, não pode se restringir a uma imagem mental que fazemos do nosso corpo. A corporeidade tem vida própria, é um fenômeno humano expressando-se no corpo, no nosso pensamento. A cada dia, as descobertas dos neurocientistas vão esclarecendo sobre o que há de pulsional nesse campo energético. Freud vislumbrou esta possibilidade do inconsciente ainda no século XIX. As novas ciências provocaram mudanças significativas sobre as concepções da materialidade do universo. Para compreender a corporeidade no contexto das neurociências é necessário aprofundamento em conhecimentos disciplinares contemporâneos. Filosofia só não basta. Para tanto, é preciso coragem para sair da zona confortável dos saberes científicos do século XX.

Por Ana Lucia de Araújo
em 3 de Outubro de 2009 às 17:37.

Particularmente, acredito que transcender a corporeidade é posicionar-se frente ao mundo e para o mundo. Para isso acontecer, precisamos assumir posturas e compromissos sociais que não são só nossos. São de um coletivo.Inevitavelmente, ainda estamos engatinhando porque, a princípio, pensamos no nosso aqui e no nosso agora.

Ao mesmo tempo que trancedemos nos conhecemos profundamente e, ainda não estamos preparados para enfrentar nossas fraquezas. Focamos o interesse apenas nas nossas potencialidades.

E, esse processo transcendente não acontece de um dia para outro e, causa sofrimentos porque não é fácil conviver nessa sociedade do fatalismo e, subsequentemente, da conformidade.

Por Hunaway Albuquerque Galvão de Souza
em 3 de Outubro de 2009 às 20:16.

Pessoalmene acredito que só poderemos compreender a corporeidade como um fenomeno humano a partir da percepção do corpo como sendo multifaceteado e aberto a diversidade de ações que permeiam o cotidiano e fazem do homem um ser culturalemte constituido e da corporeidade  a via pela qual no expressamos e dialogamos com o mundo.

Por Ana Lucia de Araújo
em 10 de Outubro de 2009 às 09:33.

Estando na função de educadora em contato direto com o aluno, embora que fora da sala de aula propriamente dita, tenho o privilégio de cooprotagonizar fenômenos humanescentes belíssimos. Esta semana vi o gesto de uma professora com seu aluno que me emocionou.

João é um garoto irrequieto e aparentemente meio bobo, infantilizado, que foi abandonado pela mãe porque não suportava olhar para a sua cara. Inevitavelmente, sua atuação em sala deixava a professora inquieta e preocupada. Seu desempenho escolar está aquém das expectativas da escola.

Nesse contexto, a escola realizaria um passeio com os alunos pelo dia das crianças. E, lógico que João não iria porque estava de castigo por não adequar-se às regras do cotidiano escolar.

Antes de conhecer as condições socioafetivas desse aluno essa professora estava prestes a entregar os “pontos”. Desistir de João. Mas, ao tomar conhecimento das suas condições familiares, indagou-se - Meu Deus o que vou fazer para ver João com um novo olhar?

No dia seguinte, dia do passeio, ela repensou a sua decisão e disse a João que gostava muito de dar uma segunda chance e acreditar nas pessoas. Por isso, fazendo um carinho na cabeça do garoto, disse-lhe que estava liberado para ir ao tão esperado passeio.

Esse carinho teve um significado todo especial para mim e me emocionou pela chance que foi dada ao garoto e pela chance que dei a professora ao relatar-lhe o caso. Assim, a professora se permitiu acreditar na beleza da vida, construindo sua autoformação com base na amorosidade pregada por Paulo Freire.

Claro que os problemas de João não estarão resolvidos nesse gesto, mas, a professora extrapolou a sua condição de profissional tecnicista, indo além dos seus próprios limites. E, essa nova chance dada a João com certeza produzirão muitas mudanças de comportamento porque João não precisa mais de chibatas. A vida de João já se encarregou disso.

João precisa de saber ler e escrever com autonomia intelectual. Mas, João precisa de atenção e cuidados para acreditar que é capaz. E, a professora precisou ver João como um ser na sua completude.

Por Maristela de Oliveira Mosca
em 11 de Outubro de 2009 às 09:00.

Um educador me disse uma vez, não me lembro o nome, desculpem a falta da citação completa:

Somos médicos. E como eles devemos fazer opções no cuidado.

Assim, de quem cuidar com intensidade, amorosidade e entrega? Daquele paciente que já se recupera bem, no quarto, cercado de sua família e amigos, tendo seu alimento na boca; ou daquele na UTI, muitas vezes abandonado pela família, quase já no último suspiro de vida, que necessita de cuidado intenso?

A escolha é nossa! Você já fez a sua?

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 12 de Outubro de 2009 às 01:59.

A Educação Física dos Nossos Sonhos...

Estamos abrindo um debate sobre a Educação Física dos nossos sonhos na escola na comunidade do RN. O debate é aberto para todos os educadores. A proposta é apresentar ideias, possibilidades para o reencantamento da Educação Física na escola. Vale todo tipo de utopia. Vamos exercitar nossa criatividade! Penso que se tivermos uma boa proposta para a Educação Física e Artes na escola envolvendo todas as demais áreas do conhecimento, teríamos uma bela saída para a EDUCAÇÃO. Contamos com todos! Katia

http://cev.org.br/comunidade/rio-grande-do-norte/debate/a-educacao-fisica-dos-nossos-sonhos/#replay-3177

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 15 de Outubro de 2009 às 10:32.

Sobre o Ateliê de Pesquisa dos Saberes da Autonomia:

Podemos comentar neste espaço dedicado aos laboratórios vivenciais, um pouco da nossa reflexão sobre o processo de construção dos nossos personagens que vivenciam o QUERER BEM na educação. Devemos compartilhar com os outros um pouco daquilo que estamos construindo nos nossos ateliês da corporeidade no PPGED/UFRN. Muitas são as percepções com relação ao nosso sentir-pensar...

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 27 de Outubro de 2009 às 21:23.

BRINCANDO COM FOGO

 

Eu sou a deusa do fogo

Do fogo que aguenta o frio

Que faz faísca no ar

Sou o fogo que incendeia

Que forma labaredas

Fogo no inverno a brilhar.

 

Sou o fogo dos amantes

Das noites frias cantantes.

Fogo da luz do luar

Eu sou o fogo que alumia

Que canta e faz poesia

Fogo que faz clarear

 

Sou o fogo vagalume

Que cala o som dos queixumes

Que fosforesce ao te tocar

 

Sou a brisa vespertina

Do sol que se descortina

No horizonte singular

 

Sou o fogo que tempera a comida

Que ajunta as vidas

Que canta nas noites de luar

 

Sou o fogo sedento

Que beija a língua ardente

Que brilha dançando com o ar.

 

Só não sou aquele fogo

Que destrói a natureza

Que corrói as belezas

E a mata faz chorar

Mãos malditas me utilizam

E transformam minha brisa

Na força do mal

 

Sou fogo, com ar ardente

Sou a mistura estridente

Da natureza a cantar.

Se quiser dance comigo

Meu calor é teu abrigo

Venha comigo queimar.

 

Dorinha Timóteo

.............................

Estamos preparando o nosso encontro vivencial do Seminário Corporeidade e Expressividade do PPGED/UFRN que abordará uma variação do Jogo de Areia com o elemento fogo. A nossa querida poetisa Dorinha Timóteo nos brindou com uma bela poesia sobre o fogo. Já jogamos com a terra, com a água. Agora chegou a vez do fogo!

 

 

 

Por Evanir Pinheiro
em 27 de Outubro de 2009 às 22:58.

Prometeu quis roubar o fogo e os deuses não deixaram, mas os Homens o fabricaram e com ele aqueceram o corpo e incendiaram o coração.  Se olharmos fixamente as chamas das fogueiras, poderemos ver Prometeu dançando, liberto das correntes e das aves de rapina. Experimentemos fluir o fogo que liberta a alma, aquece o coração e ilumina  o olhar!  Esse fogo que arde sem se ver, que purifica e acende a vida daqueles que não tem medo de  incendiar corações e pensamentos brutos e transforma-los  em pedras preciosas!  Evanir Pinheiro

Por Maria das Dôres F. Rodrigues
em 28 de Outubro de 2009 às 02:21.

O nosso fogo, é uma expressão corporal. A presença do fogo acolhedor na sala de aula ilumina o nosso ser  e o nosso conviver. O fogo marca a história da humanidade e a nossa própria história.

Por Ana Lucia de Araújo
em 2 de Novembro de 2009 às 15:36.

Sobre o fogo, temos muito que saber. Sei que, na última vivencia com o fogo, me provocou um letargia.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 4 de Novembro de 2009 às 10:11.

Ana Lúcia,

Talvez seja mais adequado falar de perplexidade diante da impermanência da vida... Daí esta reação mais contemplativa diante da mandala do fogo... Vamos refletir um pouco mais sobre as nossas emocões diante do poder do fogo!

Por Ana Lucia de Araújo
em 8 de Novembro de 2009 às 12:45.

Sobre o fogo, ao contemplar a magnitude do fogo, acredito que provoca uma limpeza para emergi novas memórias e, renovar as energias.

Por Maria das Dôres F. Rodrigues
em 8 de Novembro de 2009 às 14:05.

FOGO!!! reacende a minha força e desperta o meu sentir.

Por Ana Lucia de Araújo
em 27 de Novembro de 2009 às 22:52.

O fogo traz o devaneio das imagens que encantam e hipinotizam.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 15 de Janeiro de 2010 às 00:40.

O que temos a dizer sobre os nossos laboratórios vivenciais para o ano letivo que em breve se inicia? Quais as nossas propostas? O que vamos fazer para a nossa autoformação humanescente?

Por Ana Lucia de Araújo
em 22 de Janeiro de 2010 às 12:27.

Sonho humanescente

 

Para acontecer

Os quatro pilares

Precisa conhecer

Precisa humanescer

 

Para conhecer

Os quatro pilares

Precisa aceitar

A diversidade

 

Para humanescer

Os quatro pilares,

Precisa de coragem e vontade

Precisa de envolvimento e trabalho

Precisa de sonhas

Precisa de encantamento

Desejes, pois, o novo despertar.

Por Ana Lucia de Araújo
em 22 de Janeiro de 2010 às 12:21.

Espero sonhar de olhos bem abertos e, acreditar que a vida precisa ser encantada. Para isso, acontecer estou sonhando com as potencialidades da música e do Jogo de Areia.

Por Sheila Franca de Castro
em 25 de Janeiro de 2010 às 12:24.

Olá, estou fazendo um trabalho e pesquisando sobre a corporeidade, estou satisfeita de ter encontrado este espaço para trocas, faço minha pesquisa voltada para a educação física na educação infantil e quero deixar registrado no trabalho final a maneira como uso a minha corporeidade na minha prática pedagógica. A expressão transdisciplinariedade encaixou perfeitamente com o sentido de tudo que acredito e respeito. Fico feliz quando percebo que a linguagem poética  se torna  a forma mais sincera de fluir. Penso que na literatura, nas artes em geral, notamos a expressão do corpo vivido com maior intensidade


Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.