Parece que sim, veja texto abaixo.

9. Faculdade corta custo e cria "curso itinerante"

 

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Agrupamento de turmas de universitários faz locais de aulas mudarem.

No meio dos cursos, alunos de São Paulo têm sido obrigados por universidades privadas a mudar de campus, com distâncias que superam 30 km. Somente neste ano, determinaram as transferências as gigantes Estácio UniRadial, Uniban e Braz Cubas.

As universidades falam em economia e tentativa de acomodar alunos em instalações melhores. Pesquisadores citam falta de planejamento e busca de aumento de lucros. O caso mais emblemático é o de uma turma de educação física da Estácio UniRadial. Os estudantes ingressaram em 2010 na Vila Formosa (zona leste). No início de 2011, foram transferidos para o Jabaquara (zona sul). E agora para Interlagos (zona sul).

A distância de carro entre a primeira e a terceira unidade é de 31 km. "Moro no Tatuapé e até Interlagos são três horas de ônibus. Se a faculdade não recuar, terei de abandonar o curso", disse Angela Aparecida Peres, 25. "O pior é que eles avisaram só no final de julho, quando já não dava para pedir transferência." A mesma instituição transferiu o curso de pedagogia do campus da Vila dos Remédios (zona oeste) para o Jabaquara (20 km de distância).

O consultor de ensino superior Carlos Monteiro afirma que as alterações são decorrência da forte expansão do setor nos últimos anos. "Precisamos aumentar as matrículas, mas as instituições não estão planejando. Elas seguem modas, e uma das modas foi abrir unidades", disse Monteiro. "Depois, veem que não é viável e desrespeitam o aluno."

A advogada Tatiana Viola de Queiroz, da Proteste, diz que as universidades não podem fazer mudanças abruptas. "Principalmente se não houver tempo para transferência, os alunos podem pedir na Justiça que a faculdade mantenha o curso no local."

Outra instituição que mudou os alunos de campus foi a Uniban. No início de 2011, uma turma de gestão bancária do Campo Limpo (zona sul) teve seu curso fechado, pois caiu o total de alunos. Uma opção dada pela instituição foi a transferência para Osasco (Grande SP). A Braz Cubas mudou no início do ano os 2.500 alunos do centro de Mogi das Cruzes (Grande SP) para a unidade principal, a 2 km. Já a FMU chegou a anunciar a transferência do curso de administração de Santo Amaro. Recuou após queixas.

O outro lado - As universidades Estácio UniRadial e Braz Cubas afirmaram que mudaram os cursos de campus para oferecer melhores condições aos estudantes nas novas instalações. A Uniban disse que deu outras opções aos universitários de seu curso transferido.

A UniRadial afirmou também que a unidade Interlagos "é a mais adequada para receber a academia" a ser utilizada pelos estudantes. A instituição disse ainda que está oferecendo bolsa de estudos aos alunos, "para minimizar os transtornos". A Uniban informou que "o contrato assinado pelas partes na matrícula prevê número mínimo de 40 alunos para formação de turma. "Quando isso não ocorre", afirma a nota, "o aluno poderá optar por outro curso no mesmo campus ou frequentar o mesmo curso em outra unidade, se houver". Aos alunos que desistirem, a escola diz que devolve integralmente valores já pagos.

A Braz Cubas afirmou que seu campus principal possui melhor infraestrutura, com estacionamento próprio, e acesso mais fácil. Cita também que a mudança levou a uma maior facilidade para administração e economia em custos como água, luz, portaria, conservação, limpeza e manutenção.

Estudo de mercado evitaria perda de alunos - análise sobre o ensino superior por Romário Davel.

Transferências de alunos entre campi têm ocorrido com mais frequência no ensino superior. O que precisamos considerar é que o setor de ensino passou a ser compreendido como uma área da economia e passa por sérias transformações, principalmente no que diz respeito à profissionalização da gestão.

Todo negócio precisa apresentar resultados, inclusive financeiros. Afinal, é preciso remunerar e prestar contas a seus investidores. Verificamos, em vários casos, que o valor do imóvel não é compatível com o resultado financeiro alcançado, portanto faz-se necessário readequá-lo. Uma instituição não pode comprometer seu faturamento para despesas de aluguel.

Uma análise de mercado mais criteriosa antes de abrir um novo curso poderia auxiliar essas instituições a evitar esse transtorno, pois o fato é que em muitos casos não existe demanda de alunos suficiente para a região, forçando a juntar as turmas de endereços diferentes. Trabalhei recentemente em uma pesquisa com mais de 35 mil alunos do ensino superior no País.

Exploramos questões inerentes ao motivo de escolha do curso e da faculdade. Resultado: a localização apareceu como o principal motivo de escolha para os alunos matriculados em instituições particulares (23%). Com isso, é fácil entender que cursos que mudaram de endereço sofrerão com alta evasão.

Romário Davel, consultor da Hoper Educação, é graduado em gestão financeira, com MBA em Gestão de Projetos pela FGV-RJ.

(Folha de São Paulo)

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