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Vamos apresentar para a FAPESP projeto de vinda de pesquisadores estrangeiros emEducação Fisica e Esportes? A realização de megaeventos esportivos no Brasil é um bom argumento. Laercio

Rumo ao Brasil para fazer pesquisa
21/2/2011 Por Elton Alisson

Agência FAPESP – Abduleziz Ablat, 28 anos, já traçou o rumo que pretende seguir quando terminar seu doutorado, em 2012, em física condensada da matéria no Instituto de Física de Alta Energia da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim. Ele pretende fazer um pós-doutorado ou se candidatar a uma vaga de pesquisador em alguma universidade ou instituição de pesquisa brasileira.

“O Brasil tem uma estrutura para realizar pesquisa tão boa quanto à da China e de outros países que eu já visitei e há cientistas brasileiros realizando pesquisa de alto nível em áreas como biotecnologia. Acho que fazer um pós-doutorado em alguma universidade ou instituição de pesquisa brasileira será muito importante para a minha carreira científica”, disse à Agência FAPESP.

Ablat chegou a essas conclusões ao participar da Escola São Paulo de Ciência Avançada – New developments in the field of synchrotron, realizada em janeiro no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP).

Promovido pela FAPESP, no âmbito da ESPCA, o curso, além de contribuir para formação dos participantes em pesquisa avançada em diferentes áreas do conhecimento, atraiu talentos científicos estrangeiros para desenvolver trabalhos de pesquisa no Estado de São Paulo.

Durante o evento os participantes foram apresentados a oportunidades de apoio oferecidas pela FAPESP, como Bolsas de Pós-Doutorado e o programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.

Nos últimos dois dias do encontro, os participantes também conheceram, além do LNLS, o campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, e o da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas (SP).

Nas visitas, assistiram a apresentações de coordenadores e integrantes dos departamentos de física, química e biologia das universidades paulistas sobre as pesquisas conduzidas por seus grupos.

O resultado foi o interesse de alguns dos participantes da escola em realizar doutorado e pós-doutorado no Brasil ou iniciar uma colaboração com pesquisadores brasileiros.

Em uma enquete realizada por Yves Petroff, diretor científico do LNLS e coordenador da escola, com os 64 estudantes estrangeiros que participaram das atividades, 47 disseram ter interesse em fazer doutorado ou pós-doutorado no Brasil.

“Já estamos em contato com sete estudantes que pretendem vir para o Brasil já a partir do ano que vem”, contou Petroff. Um deles é Olga Paseka, doutoranda em óptica e fotônica na Faculdade de Física da Universidade Estadual de Moscou.

Durante o curso e as visitas às instituições paulistas, Olga aproveitou para fazer contatos com cientistas em sua área de pesquisa e prospectar oportunidades para começar a cursar um pós-doutorado em São Paulo logo após defender sua tese de doutorado, em 2012.

“Gostaria muito de fazer pós-doutorado em São Paulo. Fiquei muito impressionada com a infraestrutura de pesquisa das instituições que visitei”, afirmou.

Outro estudante “estrangeiro” que também participou do curso, Benjamin Salles, pós-doutorando no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industriais Avançadas, em Tsukuba, no Japão, pretende adiar um pouco a decisão de vir a São Paulo.

Nascido no Brasil, Salles, que também tem cidadania francesa, mudou para a França após concluir o ensino médio, tendo feito a graduação, mestrado e doutorado em física na Université Pierre et Marie Curie, em Paris.

Agora, depois de participar do curso, está avaliando a possibilidade de retornar ao país natal para realizar, pela primeira vez, pesquisa na área de spintrônica.

“Minha motivação em participar do curso foi verificar como está caminhando a pesquisa no Brasil. Pude confirmar que está evoluindo muito rápido e que muitas oportunidades estão surgindo. No momento, ainda quero enriquecer minha experiência profissional em outros países, mas, provavelmente, no prazo de cinco a oito anos, pretendo encontrar alguma oportunidade de realizar pesquisa no Brasil”, disse.

Bolsas atraentes

Segundo Petroff, os expressivos números de estudantes estrangeiros interessados em participar da ESPCA no LNLS e de fazer doutorado ou pós-doutorado no Brasil são indicadores do aumento do interesse pela pesquisa brasileira.

Ao todo, 260 estudantes, de mais de 40 países, candidataram-se para participar da escola. Do total, 75 alunos de 22 países participaram do curso e tiveram aulas com pesquisadores renomados, como Ada Yonath, prêmio Nobel de Química em 2009, e Albert Fert, Nobel de Física em 2007.

“Há algumas cidades no mundo que também oferecem programas para atrair jovens pesquisadores, mas não conheço nada comparável à ESPCA”, disse Petroff, francês de nascimento e que já liderou alguns dos maiores laboratórios europeus de luz síncrotron, como o European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), em Grenoble, na França.

Radicado no Brasil desde o fim de 2009, Petroff atribuiu o interesse de estudantes estrangeiros em vir para o país para realizar pesquisas, além do avanço da ciência no país, ao valor das Bolsas de Doutorado e de Pós-Doutorado concedidas pela FAPESP. “Elas são competitivas ou até maiores do que as oferecidas na Europa e nos Estados Unidos”, destacou.

Por outro lado, Petroff aponta que as universidades e instituições de pesquisa brasileiras ainda pecam em detalhes cruciais para atrair o interesse de estrangeiros, como dispor de um site em inglês com informações sobre suas linhas de pesquisa e contato dos pesquisadores.

“Alguns estudantes estrangeiros se queixaram de que o site da maioria dos institutos de pesquisa no Brasil está somente em português”, disse.

Informações em inglês sobre Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP e sobre o Programa Jovens Pesquisadores estão disponíveis em: www.fapesp.br/en

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