Brasília (DF), 28/02/2024 – O Brasil foi destaque no 3º Campeonato Mundial Militar de Tiro com Arco, com a conquista de seis medalhas de ouro. A competição ocorreu na cidade de Dhaka, em Bangladesh, e contou com a participação de 12 países: França, Alemanha, Irã, Paquistão, Coreia do Sul, Romênia, Rússia, Eslovênia, Sri Lanka, Belarus e a anfitriã. O Brasil foi o único representante das Américas. Essa foi a primeira competição que uniu o Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento (Paar) e o Paradesporto Militar. Participaram da competição oito militares, sendo três paratletas. A disputa iniciou segunda (25) e encerrou nesta quinta-feira (28).

Ao todo, foram oito disputas, das quais o time brasileiro participou de sete. O país chegou na final de seis e ganhou o primeiro lugar em todas as provas. Um dos destaques da competição foi o militar da Força Aérea Brasileira (FAB), Sargento Marcus D’Almeida, integrante do Paar, e arqueiro número um do mundo, que conquistou três medalhas de ouro. Na prova individual, ele teve uma final considerada perfeita, acertando todas as flechas no alvo 10, que representa dificuldade máxima. “Estou muito feliz com a vitória. Era a última oportunidade de me tornar campeão mundial militar, pois me despedirei da Força. Agradeço todo o apoio do Paar, da Força Aérea, e daqueles que acreditaram em mim”, destacou o atleta militar

A delegação do Brasil também foi composta pelos Sargentos Marcus Vinicius Carvalho Lopes D'almeida; Gustavo Paulino dos Santos; Ana Clara Dias de Carvalho Machado; Ana Luiza Sliachticas Caetano; e Julia Figueiredo Bellini, pela FAB. Os representantes do Exército Brasíleiro (EB), Tenente reformada Tércia Ferreira Figueiredo, o Cabo reformado Thiago Pinheiro da Silva e o Soldado reformado Denilson Souza Rodrigues, competiram no Paradesporto.

O Ministério da Defesa institucionalizou o paradesporto militar em 2023, sendo esse o primeiro mundial disputado pelos paratletas, que já conquistaram as seis medalhas de ouro do ano de 2023. Uma das campeãs, a Tenente Tércia, medalha de ouro no individual, ingressou nas Forças Armadas em 2009 e sempre esteve envolvida com o esporte, competindo na vela, no triathlon, na corrida, entre outras modalidades. Em 2011, quando era instrutora de Orientação, a militar sofreu um acidente durante uma atividade e, posteriormente, descobriu que havia machucado um nervo que comprometeria os movimentos da perna esquerda. Foi no esporte que a militar restabeleceu a qualidade de vida, sendo o mundial militar de Tiro com Arco a primeira competição internacional dela neste ano.

“É uma honra fazer parte desse momento histórico das Forças Armadas, da inclusão do militar com deficiência. Não imaginava que fosse possível voltar para a tropa, vestir a farda novamente e, ainda, competir no exterior”, disse.

Confira as medalhas conquistadas no mundial de tiro com arco:
- Masculino Individual: 3⁰ Sargento (FAB) Marcus Vinícius Carvalho Lopes D’Almeida;
- Feminino Individual: 3⁰ Sargento (FAB) Ana Luíza Sliachticas Caetano
- Masculino Individual paratleta: Cabo (EB) Denilson Souza Rodrigues
- Feminino Individual paratleta: Tenente (EB) Tércia Ferreira Figueiredo.
- Dupla Atleta e Paratleta:  3⁰ Sargento (FAB) Marcus Vinícius Carvalho Lopes D’Almeida e Soldado (EB) Thiago Pinheiro da Silva.
- Dupla Mista: 3⁰ Sargento (FAB) Marcus Vinícius Carvalho Lopes D’Almeida e 3⁰ Sargento (FAB) Ana Luíza Sliachticas Caetano.

Desporto militar – A Comissão Desportiva Militar do Brasil (CDMB) comemorou, na terça-feira (27), 68 anos de participação no desenvolvimento do esporte nacional. Entre os objetivos da CDMB, está a execução do Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento (Paar) que, desde 2008, envolve ações com 542 atletas, que atuam no cenário nacional e internacional. Em outubro de 2023, a Comissão também institucionalizou o paradesporto militar nas Forças Armadas, que já conta com mais de 120 paratletas. 

Neste ano, o foco para as duas iniciativas tem destino certo: os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris, na França, de julho a setembro. As vagas olímpicas ainda estão sendo confirmadas, por meio de competições nacionais e internacionais. No entanto, a integrante do Paar, Sargento da Marinha Ana Marcela, já conquistou sua participação. Na modalidade de águas abertas, ela conseguiu a classificação olímpica na prova de 10km, em 3 de fevereiro, durante o Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos, em Doha, no Catar. Ana Marcela é a atual campeã olímpica nessa prova.

“A representação das Forças Armadas em competições inspira um sentimento de orgulho nacional e constrói uma base sólida de atletas para os Jogos. Essa integração não apenas fomenta atletas de destaque, mas também contribui para a formação de cidadãos comprometidos com desenvolvimento contínuo do esporte no Brasil”, destaca o Diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa e Presidente da CDMB, Vice-Almirante (FN) Roberto Rossatto

Paradesporto Militar  Em 21 de setembro de 2023, no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, o Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, assinou portaria que regulamenta a participação de militares das Forças Armadas em competições paradesportivas. O documento trouxe como novidade a possibilidade da pasta e das Forças custearem o treinamento e a participação de paratletas em eventos nacionais e internacionais, representando as instituições. A iniciativa contempla os militares reformados inaptos para o serviço ativo militar, em consequência de ferimento ou enfermidade.

Paar –  Em 2008, o Programa Atletas de Alto Rendimento (Paar) iniciou as atividades com a ideia de proporcionar melhores condições de tempo e espaço para dedicação total aos treinos. Atualmente, cerca de 540 atletas militares representam o Brasil, a Marinha, o Exército e a Força Aérea Brasileira, em 30 modalidades.

Por Júlia Campos
Fotos: Reuters e divulgação CDMB

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